Gorilas de montanha à beira da extinção
postado em 23 out 2007

(Reprodução de matéria publicada no site www.terra.com.br )

Virunga, na República Democrática do Congo, é o primeiro parque nacional da África. Na lista Unesco do Patrimônio Natural da Humanidade desde 1979, ele abriga a maior parte dos gorilas de montanha existentes no mundo. Por Maíra Lie Chao/ Fotos: Wildlife Direct.

Os dados são alarmantes: só no último “ataque”, em setembro, quatro gorilas, três fêmeas e um macho de costas prateadas, foram mortos. Uma família inteira. Eles pertenciam a um grupo que habitava a Montanha dos Gorilas, no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo (RDC). Desde o início deste ano, nove animais foram abatidos. Entre eles, o macho Karema, que foi morto e devorado por rebeldes que utilizam a área do parque como refúgio. Restos do animal foram encontrados espalhados pela propriedade, muitos deles entre excrementos humanos. Karema pertencia a uma família de gorilas acostumada com as visitas de turistas. Quando os gorilas se familiarizam com a presença humana, tornamse alvos fáceis para os rebeldes. Gorilas não costumam ter comportamento violento. Ao se sentirem ameaçados, urram e batem no peito para afugentar o agressor. Só quando a técnica não funciona, partem para um confronto corporal. Nesse meio tempo, os caçadores se aproveitam da situação para atirar e abater os animais. No total existem apenas cerca de 700 gorilas de montanha no mundo. Pelo menos 370 habitam – ou habitavam – o Parque Nacional de Virunga. Recentemente foram encontrados dois cadáveres de fêmeas que carregavam os seus filhotes. Os pequenos foram entregues aos cuidados de entidades que lutam pela preservação da vida selvagem no parque, mas eles correm o risco de não sobreviver, porque ainda estão na fase de amamentação. A reprodução dos gorilas se assemelha muito à do homem. Eles não têm relações sexuais com membros de sua própria família, como filhos, mãe, irmãos. Portanto, um gorila precisa arranjar um parceiro ou parceira que pertença a um outro grupo. O número limitado de gorilas na região pode representar dificuldade para a formação de casais e, conseqüentemente, para a reprodução da espécie. Vegetarianos, tranqüilos, vivendo em pequenas comunidades no alto das montanhas, os gorilas não representam qualquer ameaça às populações que vivem na região. Existem apenas 700 GORILAS de montanha no MUNDO e mais da metade deles habita o Parque Nacional de Virunga. OS GORILAS são a maior atração turística do Parque Nacional de Virunga. Eles representam o ingresso de aproximadamente US$ 5 milhões ao ano para os três países que dividem o território do parque e os seus arredores – a República Democrática do Congo, Uganda e Ruanda. …Proteção (fotos no site) No sentido horário, uma família de gorilas de Virunga; um macho de costas prateadas e três fêmeas abatidos em setembro; e os guardas florestais do Posto Bukima, que ajudam a conter os rebeldes e a proteger a reserva ecológica. Abaixo, uma fêmea descansando ao sol com seu filhote. Vários fatores ameaçam seriamente a existência dos gorilas de Virunga: além da caça ilegal e dos conflitos militares, ocorre uma destruição do seu habitat pelo desmatamento. Ocasionalmente, alguns gorilas são consumidos como fonte de proteína na dieta da população e partes de seus corpos são vendidas como troféus no mercado negro. Atualmente, eles têm sido vítimas de conflitos humanos. “Interpretamos os dois últimos incidentes – de junho e julho -, como um ato de sabotagem ao parque pelos grupos poderosos que controlam o comércio de carvão”, comenta Samantha Newport, diretora de comunicação da Wildlife Direct, ONG que auxilia na preservação ambiental da área. No caso dos conflitos militares, os gorilas são abatidos por estarem entre dois fogos, o dos grupos de rebeldes e o das tropas armadas do Congo. “A Montanha dos Gorilas enfrenta um enorme perigo, bem como os guardas florestais que tentam protegê-la. Eles precisam de ajuda e suporte. Nós não acreditamos que os rebeldes estejam mirando os gorilas. Eles apenas habitam umas das áreas consideradas importantes para os grupos armados”, afirma Emmanuel de Merode, diretor do Wildlife Direct.

Fonte: http://www.terra.com.br/revistaplaneta/