GAP México: Invictus – Como um urso negro ajudou a terminar com a crueldade dos circos no México
postado em 16 jan 2017

No México, a luta contra a crueldade dos circos que exploram animais levou mais de uma década para atingir o seu objetivo principal.

A história de um urso negro americano ajudou a acabar com este abuso animal. Ele foi chamado The Dancer Nait e era forçado a fazer truques em um circo itinerante. Mas em março de 2014, foi resgatado pela Procuradoria Federal de Proteção Ambiental (PROFEPA) com um tigre de bengala que tinha disfunção em suas extremidades, um leão que tinha tido as garras e presas removidas e três macacos-aranha. O urso foi renomeado Invictus e sua história se espalhou enquanto o debate sobre a proibição de animais em circos se desenvolvia.

Invictus era um sobrevivente. No Circo Harley, en Dzidzantún, no estado de Yucatán, o urso mascava a gaiola, sua mandíbula começou a se tornar infectar e por, não ter recebido cuidados médicos em tempo devido, a infecção se espalhou. Depois de ter sua mandíbula removida, ele foi resgatado e levado para o zoológico Cententario, também em Yucatan. Ele foi transferido de Yucatan para Hidalgo, ao Bioparque Convivência Pachuca. Demorou 17 horas para transferi-lo. Lá, ele foi reabilitado e foram implantadas as placas de titânio que lhe permitiram comer corretamente.

O Procurador-Geral da República, através da Unidade de Investigação Especializada de Crimes Ambientais e leis especiais (UEIDAPLE) entrou com uma ação criminal contra o proprietário do Circo Harley, Jose Luis Orozco Lara, que foi declarado responsável pela mutilação que Invictus tinha sofrido.

No México, o urso negro foi listado como uma espécie em extinção de acordo com a Norma Oficial Mexicana 059. Além disso, o Código Penal Federal torna crime uma ação que prejudique um indivíduo da vida selvagem,  em perigo extinção ou regulado por um tratado internacional no artigo 420 fração V.

Parecia que a história de Invictus mudaria, já que o santuário The Wild Animal, em em Denver, Colorado, ia abrir as suas portas para ele. O chefe da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMARNAT) anunciou mais tarde que Invictus, juntamente com o tigre Cucho e a leoa Morelia, que também estavam no processo de reabilitação no Bioparque, seria transferido para o santuário no Colorado, onde teriam melhor qualidade de vida.

O Bioparque é uma Unidade de Resgate e Reabilitação de Animais Selvagens que abrigava, na ocasião, cerca de 50 espécies transitoriamente, dos quais 20 eram grandes carnívoros.

Invictus não chegou a ir para o santuário. Depois de várias cirurgias reconstrutivas, morreu na manhã de 14 de outubro de 2014, como resultado de parada cardiorrespiratória. Seu coração não resistiu, mas sua história inspirou o futuro de centenas de animais explorados a cada ano no México.

Em 9 de dezembro do mesmo ano, o Senado aprovou com 91 votos a favor, dois contra e uma abstenção, a iniciativa de alterar a Lei Geral da Biodiversidade e a iniciativa foi encaminhada à Câmara dos Deputados. Também foram proibidos espetáculos com espécies marinhas, onde se usassem focas, golfinhos, orcas e outras espécies. No entanto, estes espetáculos continuam e sociedade mexicana hoje luta para acabar com dolphinariums, aquários e zoológicos.

Após a sua publicação no Diário Oficial em 9 de janeiro de 2015, a lei entrou em vigor em 8 de julho de 2015 e passou a ser válida para todo o território nacional. Tudo aconteceu como um efeito dominó, a sociedade mexicana em geral se mobilizou e antes dela se tornar válida, cada estado, cada cidade, cada rua ficou livre dessa crueldade. Quando começou a valer nacionalmente, a Cidade do México e 16 estados já haviam proibido.

A lei só contemplou a não exibição no picadeiro, mas os circos ainda eram responsáveis ​​pelos animais. No entanto, doze tigres e três leões foram resgatados depois de serem abandonados pelo circo Solary em Veracruz e foram enviados para a Cidade do México, enquanto quatro camelos, três dromedários, seis tigres e sete babuínos abandonados pelo circo Soley foram resgatados em Merida, Yucatan, e foram enviados para o Zoo El Centenario na cidade.

Além disso, em 14 circos foram apreendidos 54 animais: 31 deles para não terem origem legal comprovada, 19 por maus-tratos e quatro por infracções administrativas. As multas emitidas para os circos totalizaram mais de um milhão de pesos.

A história de Invictus teve uma cobertura da mídia que convenceu a sociedade a tomar providências sobre o assunto. Atualmente, mais de 500 animais foram libertados da exploração em circos, mas ainda há muito a fazer. Até então 120 circos já vivem uma nova era em que eles podem continuar a sua tradição, mas sem animais sendo explorados. Os circos se renovaram, e agora os shows são equilíbrio, malabarismo, acrobacias, comédia, magia, entre outros.