Uma força-tarefa formada por três promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Setor de Inteligência e do Grupo Antissequestro da Polícia Civil (SIP/GAS), da Polícia Militar Ambiental (PMA), de biólogos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e de engenheiros ambientais – somando um total de 30 pessoas – cumpriu mandado judicial expedido pela 2.ª Vara Criminal de Sorocaba no Great Ape Project (GAP), também chamado Projeto dos Grandes Primatas. Foram apreendidos diversos documentos no local, mas as equipes não encontraram indícios de irregularidades, que pusessem em xeque a idoneidade do santuário.

O delegado Wilson Negrão e o promotor Wellington dos Santos Veloso disseram ter tido acesso a todas as áreas do recinto, que abriga mais de 200 animais, entre eles chimpanzés (cerca de 50), leões e ursos. Um inquérito policial investiga supostas práticas existentes no ambiente interno do recinto, que incluiriam exames laboratoriais realizados nos bichos. A ficha de todos os primatas foi recolhida para averiguação. Se for preciso, de acordo com as autoridades, oitivas serão realizadas nos próximos dias.

Para a promotora Maria Aparecida Rodrigues Castanho, não há laboratórios no local. O promotor Cláudio Bonadia de Souza também acompanhou a investigação no GAP. Ele informou não haver nada de irregular no recinto.

Em 19 de setembro, o Cruzeiro do Sul noticiou que o Santuário dos Grandes Primatas era alvo de investigação, motivada por uma denúncia, oferecida em julho de 2009, proveniente da União Brasileira de Circos Itinerantes (Ubci). A denúncia partiu de uma entidade cujos interesses foram prejudicados, ressaltou Veloso durante coletiva à imprensa.

A diligência começou às 8h e terminou às 15h. Fomos bem recebidos pelo presidente do GAP, que se colocou à disposição e a colaborar com o que for preciso, destacou Negrão. Um outro inquérito tramita na 9.ª Vara Criminal da Justiça Federal de Sorocaba. O sargento Dirceu Mendes, da PMA, também ratificou a opinião dos promotores. Nada que comprovasse algo de irregular.

O criador do GAP, o biomédico cubano Pedro Ynterian, não deu declarações ao Cruzeiro. Criado em 1994, o GAP é um movimento internacional cujo objetivo é lutar pela garantia dos direitos básicos à vida, liberdade e não-tortura dos grandes primatas não humanos, como chimpanzés, gorilas, orangotangos e bonobos. Para tanto, o projeto criou a Declaração Mundial dos Grandes Primatas, documento que oficializa os direitos creditados a estes animais.