“HOMINÍDEOS NA EUROPA ANTES DO PREVISTO”
“Uma mandíbula desenterrada do fundo de uma caverna na Espanha é um indicativo de que ancestrais do homem andavam na Europa há mais tempo do que se imaginava. O fóssil tem 1,3 milhão de anos – 500 mil anos a mais do que os restos até então mais antigos -, conforme cientistas espanhóis descrevem na edição de hoje da revista Nature (www.nature.com).
Segundo o grupo, trata-se de uma espécie chamada Homo antecessor, ou o pioneiro, possivelmente o ancestral comum de neandertais e homens. O material foi descoberto no ano passado em Atapuerca, no norte do país, ao lado de ferramentas de pedra e ossos de animais.
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A teoria dos espanhóis, liderados por Eudald Carbonell, do Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social, e Jose Maria Bermúdez de Castro, do Centro Nacional de Investigação sobre Evolução Humana, é diferente. Eles apontam similaridades entre esse material e outro fóssil, de 1,8 milhão de anos, achado em Dmanisi, na Geórgia, em 1983.
HÁ DEBATE EM TORNO DO MODO PELO QUAL HOMINÍDEOS OCUPARAM A REGIÃO
Segundo eles, hominídeos que surgiram na África e estabeleceram-se no Cáucaso acabaram evoluindo em H. antecessor, que habitou o continente europeu há 1,3 milhão de anos, e não há 800 mil anos, como se imaginava. “A descoberta do fóssil mostra que o processo foi acelerado e contínuo, e que a ocupação da Europa aconteceu muito antes e muito mais rápido do que imaginávamos”, explica Carbonell.
O pesquisador Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres, não envolvido no projeto de Atapuerca, diz que a equipe espanhola tem dados técnicos sólidos para estimar a idade do fóssil descrito na Nature. Isso porque três técnicas foram usadas na datação – uma delas é relativamente nova e mede o decaimento radioativo de sedimentos. Alguns pesquisadores usam apenas uma ou duas técnicas para estimar a idade do material desenterrado. “Esse é um sítio muito bem datado, tanto quanto qualquer sítio dessa idade pode ser”, afirma Stringer.”