O Dilema da Pasa
PASA é a Aliança de Santuários Pan-africanos que reune 17 Santuários em 12 países africanos. Esses Santuários têm 780 chimpanzés, e mais 62 estão na fila a espera de uma vaga. Muitos dos Santuários estão em zonas onde ainda têm chimpanzés em vida livre, porém, o principal Santuário, o de Chimfunshi, na Zâmbia, não existem mais chimpanzés em seu território.
O Santuário de Chimfunshi foi criado em 1983 na antiga fazenda de gado do casal inglês David e Sheila Siddle, atualmente têm 122 indivíduos lá morando, mas o surpreendente disto é que 69 deles nasceram no próprio Santuário em seus 24 anos de existência. Recentemente o esposo de Sheila faleceu e ela continua dirigindo o Santuário com a ajuda de sua filha e de um grupo de colaboradores abnegados.
Uma decisão teve que ser tomada dias atrás a fim de parar a reprodução. Como disse Doug Cress, diretor executivo da PASA, que foi durante anos também diretor executivo do Projeto GAP nos Estados Unidos: “Não tenha dúvidas que bebês nascidos em famílias alojadas em Santuários são um tremendo incentivo para melhorar o astral dos adultos, e ajudam a cicatrizar as feridas mentais”. E acrescentou: “Porém é um luxo que nós não podemos dar mais. Continuamos a confiscar chimpanzés de caçadores e traficantes, e não temos certeza de ter abrigo suficiente em Santuários para eles.”
Ante esta situação um programa de controle de natalidade foi iniciado. Implantes de contraceptivos, com duração de 3 anos, começaram a ser aplicados nas fêmeas adultas, que já tiveram filhos, e as jovens quando entram na idade adulta também serão tratadas da mesma forma.
Segundo o Dr. Lawrence Mugisha, veterinário chefe do Santuário da Ilha de Ngamba, em Uganda, que se trasladou a Chimfunshi para fazer as primeiras aplicações, em cativeiro chimpanzés fêmas de 7 a 8 anos já têm capacidade reprodutiva, enquanto que na mata isso não é alcançado até os 12 anos de idade.
Infelizmente, a presença de um bebê em uma família de chimpanzés em cativeiro, muda radicalmente a expectativa de vida, e as relações entre os adultos. Este incentivo nos Santuários africanos não poderá mais existir, e a razão é meramente econômica. Enquanto milhões de dólares e euros são dilapidados no mundo em guerras, e banalidades, uma ínfima porção disso, que ajudaria a manter um programa de procriação de nossos irmãos esquecidos, deve ser abandonado. Se essa realidade não for modificada, estaremos contribuindo diretamente para a desaparição desta espécie da face da Terra.
Dr. Pedro A. Ynterian
Projeto GAP Internacional
Notícias do GAP 21.11.2007