Estréia em Brasília o projeto “Circo sem animal é mais legal”
postado em 20 out 2008

(Reprodução de matéria publicada em 17.10.2008)

Depois da polêmica envolvendo os maus-tratos aos animais do Le Cirque, estréia nesta sexta-feira (17/10) em Brasília o projeto “Circo sem animal é mais legal”. O palco a ser utilizado é o do Circo Mágico de Moscou, montado no estacionamento do Estádio Mané Garrincha. A iniciativa partiu do Grupo de Apoio aos Primatas (GAP), Ibama e outras organizações e contou com o apoio do Ministério Público do DF para se juntar a favor dos circos que não utilizam animais em seus espetáculos.


Em agosto, após uma vistoria do Ibama constatar que animais do Le Cirque sofriam maus-tratos, o MP revogou o alvará de funcionamento do circo que se apresentava em Brasília. Na primeira ação, os fiscais do órgão apreenderam dois chimpanzés e um hipopótamo. A presidente do GAP, Selma Mandruca, explica que o grupo participou da operação que verificou o mau tratamento aos animais do Le Cirque. Além disso, o órgão acolheu os chimpanzés. “Fomos solicitados para ficarmos com os animais”, lembrou. No entanto, Mandruca conta que após essa ação, algumas pessoas passaram a achar que o grupo era contra as atividades circenses.


A partir daí surgiu a idéia de criar o projeto e levar a apresentação para o Distrito Federal. “Nós, os ambientalistas e Ong’s, não somos de maneira nenhuma contra a atividade circense. É uma manifestação cultural que deve ser mantida. O que queremos mostrar é que para isso não é necessário a utilização de animais. As atrações devem ser valorizadas pela qualidade de seus artistas”, explicou.


O Circo de Moscou não foi escolhido por acaso. Os proprietários já utilizaram em suas apresentações animais. Porém, há cerca de dez meses, o circo, por iniciativa própria, entregou voluntariamente os animais – um chimpanzé, um leão, uma tigresa, uma ursa e um babuíno aos cuidados do projeto. “Eles viram o nosso espaço e resolveram não utilizar mais os bichos. Por isso, também resolvemos apoiá-los”, destacou.


Os espetáculos do projeto têm como objetivo a educação ambiental, demonstrando para as crianças e para o público em geral que não é necessário explorar animais para haver diversão. Além disso, serão realizadas sessões especiais e oficinas de atividades circenses gratuitas para estudantes de escolas públicas, em parceria com o programa “Escola é o Bicho”, da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA Brasil) e Escola da Natureza, realizado em Brasília.


Projeto de lei
Alguns estados brasileiros, como Rio de Janeiro e São Paulo, já têm leis que proíbem o uso de animais em circos. Em Brasília, não existe uma lei que vete totalmente a utilização de bichos em picadeiros. Porém, é preciso uma autorização do Instituo Brasília Ambiental (Ibram) para que atividade seja permitida. No caso do Le Cirque, por exemplo, não houve essa aprovação.


Uma audiência pública está agendada para o dia 4 de novembro para para discutir o Projeto de Lei 7291, de 2006, que pretende instituir o fim do uso de animais em todo o país. “Foi uma grande coincidência, mas achamos que esse seria o momento de levar o projeto até Brasília”, comentou a presidente do GAP. Alguns países, como Áustria, Dinamarca e Índia, já adotaram a medida.


“Circo sem animal é mais legal”
Local: Estádio Mané Garrincha
Data: De 17 de outubro até 8 de novembro
Horários:
De terça à sexta-feira: espetáculo diário às 20:30h
Sábados, domingos e feriados: três espetáculos diários, às 15h, 17:30h e 20:30h


Ingressos a partir de R$ 10


http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_13/2008/10/17/noticia_interna,id_sessao=13&id_noticia=41374/noticia_interna.shtml