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Sent: Tuesday, September 05, 2006 2:58 PM
Subject: Cidade Chora mudança de chimpanzé
Ilmo. Sr.
Sérgio Pompeu
Chefe de Redação
do Jornal O Estado de São Paulo,
Prezado Senhor,
Na matéria publicada no caderno Cidades/ Metrópole, do dia 1° de setembro passado, sobre o caso do chimpanzé Alemão, do Zoológico de Americana, esclarecemos que o último parágrafo contém informações incorretas, que gostariamos que fossem retificadas:
O Alemão vai ficar em um recinto de 1.300 metros quadrados em observação, com acesso a um recinto vizinho com outros chimpanzés, e estudaremos a possibilidade de sua integração com eles. Um chimpanzé pode viver como um ser humano, por exemplo Chita, que trabalhou com Tarzan, tem 76 anos e vive em um Santuário na California. Nós temos chimpanzés de 54 anos de idade em nosso Santuário. Alemão com 40 anos equivale a um homem de 40 anos, bem tratado pode viver muitos anos mais.
Agradecemos antecipadamente a atenção.
Atenciosamente,
Dr. Pedro A. Ynterian
Diretor Projeto GAP Internacional
“Cidade chora mudança de chimpanzé
Transferência de Alemão de parque de Americana para Sorocaba mobilizou
população e até ONGs do exterior
Mário Tonocchi
O chimpanzé Alemão, de 39 anos, deve ser transferido do Parque
Ecológico de Americana para o Santuário dos Grandes Primatas de
Sorocaba, no interior de São Paulo. A mudança é o final de uma
polêmica que envolveu ambientalistas, prefeitura e sociedades
nacionais e internacionais de proteção aos animais por quase quatro
meses. Anteontem, o prefeito Erich Hetzl Junior (PDT) decidiu abrir
mão dele.
A disputa por Alemão começou quando o estudante de direito de
Americana, Jorge Luis Cárdia, de 25 anos, decidiu fazer um
abaixo-assinado na cidade solicitando que o chimpanzé fosse levado
para um local mais adequado com companhia de outros de sua espécie.
“Ele está sofrendo. Fica de costas para o público a maior parte do
tempo”, afirmou o estudante. Cárdia conseguiu recolher 2,5 mil
assinaturas que entregou para o prefeito há um mês.
No início das discussões, a prefeitura chegou a admitir a
transferência de Alemão. Um grupo de representantes da administração
municipal visitou o Santuário de Sorocaba, mas, por motivos políticos,
acreditam alguns envolvidos no processo, o prefeito voltou atrás. A
visita ao santuário, no entanto, fez o caso chegar ao conhecimento do
Projeto GAP (Great Ape Project) ou Projeto de Proteção aos Grandes
Primatas.
A transferência do chimpanzé, então, virou um caso de “libertem o
Alemão”. Entraram na pressão contra a prefeitura centenas de ONGs de
proteção aos animais do Brasil e do exterior. Em todos os sites dessas
associações, há pedidos para que os internautas enviem mensagens para
as autoridades de Americana solicitando providência contra o que é
chamado de crueldade. A especialista em comportamento animal do Rio
Grande do Sul, Thaís Cosnatti, visitou o chimpanzé a pedidos dos
ambientalistas e garantiu, observando seu comportamento, que o animal
está sofrendo. A prefeitura cedeu.
A transferência depende do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que abriu na semana passada um
processo administrativo para verificar se Alemão estava realmente
instalado em um local em más condições. A direção do parque alega que
o local foi construído, em 2001, dentro das normas vigentes na
ocasião. Mas no ano seguinte a legislação passou a exigir adaptações,
como troncos em várias alturas e bebedouro. “Só que o Alemão não
aceita mudanças”, argumentou o administrador do Parque, Rovílio Dutra.
Com a decisão de ceder o animal, entretanto, o processo de
investigação do Ibama no parque deve ser extinto. As atenções do Ibama
passam agora para o Santuário de Sorocaba. Os técnicos vão determinar
se há locais apropriados para que a mudança seja realizada.
O diretor para a América Latina do GAP, no Brasil, Pedro Ynterian,
comemorou ontem a decisão da prefeitura. Ele também é o diretor do
santuário de Sorocaba. “As pessoas observam animais nos recintos de
zoológicos e acham que está tudo bem. No quesito alimentação sim, pois
todos são bem alimentados. Mas deve-se levar em conta a cabeça do
animal. Eles sofrem muito quando estão solitários”, disse o diretor.
Mesmo que seja aceito em um ambiente com outros chimpanzés, Alemão não
vai ter descendentes. Animal que passou 20 anos em circo, ele é
castrado.
Segundo Ynterian, Alemão vai passar por uma longa adaptação em uma
jaula de 60 metros quadrados, separado por grades dos demais
chimpanzés. O diretor acredita que ele possa voltar a se relacionar
com outros chimpanzés no período que lhe resta de vida. A espécie vive
41 ou 42 anos. O Santuário tem 200 primatas. Destes, 36 são
chimpanzés.”