No início do ano, a UNESCO está trabalhando com Reservas da Biosfera e áreas de Patrimônio Mundial na África e na Ásia para monitorar com drones a saúde e a mudança de habitat de grandes primatas.
Vinte áreas designadas pela UNESCO de 11 países em dois continentes que abrigam as três grandes espécies de macacos (gorilas, orangotangos e chimpanzés, incluindo os bonobos) se comprometeram com a proteção destas espécies icônicas.
Em parceria com o Muséum National d’Histoire Naturelle (França) e o Projeto Sebitoli Chimpanzé (Uganda), a agência da ONU lançou um novo e extenso projeto para proteger os grandes primatas e seus habitats. Utilizando drones, técnicos de 20 áreas de relevância na África e na Ásia coletarão dados sobre a fenologia da espécie, suas fontes de alimento, a localização de quaisquer ninhos, áreas potenciais de conflito com populações, etc., bem como sinais de desmatamento ou fragmentação de habitat. As informações coletadas serão reunidas a fim de se ter uma visão global e para fazer estudos comparativos. Este banco de dados sobre a saúde e evolução do habitat de grandes primatas dentro e fora das áreas permitirá fortalecer a proteção de nossos parentes mais próximos, melhorando nosso conhecimento de seu ambiente.
O uso de drones reduzirá os distúrbios humanos nas áreas de estudo e evitará qualquer risco de transmissão de doenças zoonóticas para a vida selvagem. Levantamentos aéreos e imagens permitem não apenas monitorar os ciclos naturais da flora (floração, frutificação, período de colheita…), mas também monitorar atividades ilegais (caça furtiva, mineração, etc.) sem perturbar as áreas.
Com uma abordagem “One Health”(em tradução livre, Saúde Única), os dados coletados estabelecerão a ligação entre um ambiente saudável e animais saudáveis, melhorando assim o conhecimento sobre as espécies e permitindo uma melhor identificação e compreensão dos fatores e conseqüências das ameaças que eles enfrentam.
Primeiro treinamento de campo
A primeira oficina prática de treinamento de campo foi concluída em 15 de janeiro no Parque Nacional de Kibale, Uganda. Ele foi precedido por um workshop on-line que forneceu aos representantes dos 20 locais conhecimentos teóricos sobre grandes primatas e sobre o uso de drones. Doze técnicos da Uganda, Costa do Marfim e Nigéria participaram deste workshop piloto facilitado pela Dra. Sabrina Krief, primatologista do Muséum National d’Histoire Naturelle (França), Sr. Jean Michel Krief, do Projeto Sebitoli Chimpanzé, e dois treinadores de drones, Sr. Bruno Roux e Sr. John Plaetevoet de L’Avion Jaune.
O workshop teve objetivo prático, com sessões dedicadas a voos em ambientes reais para capturar imagens que alimentarão o banco de dados comum. Também permitiu uma abordagem direcionada às particularidades de cada site e de cada população de grandes primatas para definir as áreas de pesquisa, levando em conta os locais onde vivem as populações, as relações entre os animais e populações locais, as ameaças locais que os animais enfrentam e as restrições técnicas dos sites: topografia do site, tamanho, conexão à Internet, eletricidade, etc. Os representantes do site trabalharam juntos para definir o protocolo de coleta de dados, a fim de harmonizar a coleta de dados entre os sites.
Fonte – matéria original (em inglês): https://www.unesco.org/en/articles/drones-and-great-apes-new-story