Descoberto na Etiópia um pré-gorila de 10 milhões de anos
postado em 23 ago 2007

(Reprodução de matéria publicada pela France Presse em 22/08/2007)

Os homens e os macacos podem ter se separado muito antes do que se pensava, segundo um artigo que será publicado amanhã na revista Nature, baseado no estudo dos dentes de um fóssil de um primata, que viveu entre 10 e 11 milhões de anos atrás e que foi descoberto na Etiópia.
O canino e oito molares analisados, pertencentes a vários indivíduos, são, supostamente, os restos mais antigos de um hominídeo que pode ter parentesco com uma espécie atual, o gorila. A descoberta não deixa dúvidas de que os primeiros primatas e seres humanos foram originários da África.

Fósseis do “pré-gorila” datam o atual gorila em aproximadamente 10 milhões de anos
A falta de vestígios de hominídeos antigos neste continente, havia levado muitos cientistas a defender a tese de que o homem e os símios eram originários da Eurásia.
Os restos descobertos na Etiópia são “um marco na pesquisa sobre a origem do homem”, reconheceu à AFP o físico e antropólogo do Museu de História Natural de Cleveland, Yohannes Haile-Selassie.
“Macaco de Chorora”
O “pré-gorila” foi batizado com o nome científico de “Chororapithecus abyssinicus”, que significa “macaco de Chorora” (nome do sítio arqueológico onde ele foi encontrado) e Abissínia (antigo nome da Etiópia).
O estudo publicado na Nature apóia que os antepassados dos humanos divergiram dos grandes macacos (gorilas, chimpanzés e orangotangos) vários milhões de anos antes do que haviam afirmado até agora os estudiosos baseados em genética molecular.
Os fósseis humanos descobertos até agora datavam de 6 e 7 milhões de anos. Eles são conhecidos como Orrorin ou “Millenium Man” (descoberto no Quênia em 2000) e o Sahelanthropus, apelidado de ‘Toumai’ (descoberto um ano mais tarde no Chade).
Os autores do estudo, Gen Suwa, do museu da Universidade de Tóquio, e Berhane Asfaw, do Serviço de Pesquisa do Valle do Rift, na Etiópia, reconhecem no artigo que “não conhecemos nada sobre como os humanos atuais se separaram dos macacos”.
Os fósseis do “pré-gorila” datam o atual gorila em aproximadamente 10 milhões de anos, o que sugere aos autores do estudo que a separação entre homem e gorila ocorreu antes.
Isso também implica que, segundo os autores, a separação com o orangotango aconteceu, provavelmente, há 20 milhões de anos e há 9 milhões de anos com o chimpanzé.
Até agora, a maior dificuldade para determinar a origem da espécie humana havia sido sempre a falta de material fóssil, que auxiliaria na datação do último ancestral comum com os grandes macacos.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u322190.shtml