A quadrilha chegava ao Pantanal com aviões particulares, pousava em fazendas da região, equipados com modernas armas de caça
22/07/2010: A Polícia Federal prendeu ontem quadrilha que ganhava dinheiro com abate clandestino de animais de grande porte, como onças pintadas, pardas e pretas. O grupo exterminava os animais no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do Paraná.
A quadrilha chegava ao Pantanal com aviões particulares, pousava em fazendas da região, equipados com modernas armas de caça. A Justiça expediu 7 mandados de prisão temporária e 14 mandados de busca e apreensão.
O grupo promovia, inclusive “safáris”, onde os clientes pagavam por animal abatido. O alvo principal eram onças-pintadas, pardas e pretas.
Quem pagava mais, tinha o direito à pele, cabeça ou a todo o animal, que era empalhado em Curitiba.
A Operação Jaguar, como foi batizada, ocorreu em conjunto com o IBAMA, depois de investigações que começaram por Corumbá.
As suspeitas surgiram com o aparecimento de carcaças de onças em algumas fazendas na região pantaneira e ainda o sumiço de felinos que estavam em monitoramento pelo IBAMA, explica a assessoria da PF.
Em Mato Grosso do Sul foram presas 2 pessoas em Miranda e cumpridos 4 mandados de busca na cidade, além de 3 mandados de busca e apreensão em Bodoquena.
Um detalhe que chamou ainda mais a atenção da Polícia foi o fato de homens acompanhados do filho do mais famoso caçador de onça do Brasil, estarem transportando em camionetas vários cães de raça, típicos para caça de grande felinos.
"Os levantamentos evidenciaram que o conhecido caçador de onça e seu filho usavam da prática de capturar onças para encoleiramento, no contexto do programa Pró-Carnívoros, desenvolvidos pelo IBAMA, para acobertar sua atividade de caça clandestina e predatória", detalha a PF.
O grupo usava cães, normalmente cedidos pelo “caçador de onças” ou alguns fazendeiros que têm interesse em proteger seu gado do felino.
Depois de tirarem fotografias dos abates, para acabar com as provas eles destruíam as carcaças.
"Há evidências que alguns “troféus” são levados até para o exterior, vez que a PF constatou a frequente participação de uma pessoa, residente em Curitiba/PR, com conhecimento em Taxidermia – arte de empalhar animais", informa a Polícia.
Normalmente as caçadas predatórias são organizadas por outro caçador profissional identificado apenas pelas iniciais E. A. S., que mora em Cascavel/PR.
"A PF não descarta a possibilidade de o grupo participar de safáris na África, introduzindo no Brasil, peles e partes de animais caçados naquele continente, inclusive no tráfico de marfim, cuja comercialização é proibida internacionalmente", comenta a assessoria da PF.
Acolhendo representação da Polícia Federal, a Justiça Federal de Corumbá autorizou o monitoramento do grupo.
No Paraná foram cumpridos 1 mandado de Prisão Temporária em Curitiba, 1 Mandado de Busca e Apreensão, em Cascavel foram 1 mandado de prisão e 2 de Busca e Apreensão; e em Corbélia, um de prisão e 1 de busca.
No Mato Grosso, em Rondonópolis foram 2 Mandados de Prisão Temporária e 3 Mandados de Busca; em Sinop (área rural)Atuação da PF e do IBAMA, com possíveis prisões em flagrante de caçadores em plena atividade predatória.
Os alvos, independentes das circunstâncias em que forem presos, serão indiciados nos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9605/98) – Perseguir, caçar ou matar animais da fauna silvestre sem permissão – Pena de seis meses a um ano e ainda por porte ilegal de arma de fogo, cuja pena prevista é de até 4 anos de reclusão e mais o artigo 288 do Código Penal (Formação de Quadrilha ou Bando – Pena de 1 a 3 anos de reclusão.
A operação foi deflagrada ontem (20), por volta de meio-dia quando equipes de policiais federais e do IBAMA, utilizando viaturas tracionadas e ainda um helicóptero do IBAMA, prenderam em plena atividade de caça clandestina 8 pessoas, sendo 4 argentinos, 1 paraguaio e 3 brasileiros (um é policial militar do MT). Todos portando grande número armas e munições de diversos calibres. A PF efetuou a prisão do grupo na manhã, antecipando a “Grande Caçada” que estava agendada pelos predadores para ontem à noite, evitando assim o abate de um ou mais felinos.