Reproduzimos a matéria veiculada em 06 de março no Jornal Nacional da Rede Globo, sobre a apreensão de uma grande quantidade de animais silvestres, muitos deles “esquentados” legalmente usando Criadouros Comerciais legalizados.
A nossa posição e a de grande parte de ambientalistas e conservacionistas é a de que os Criadouros Comerciais não devem existir, já que os animais silvestres e exóticos não são “pets” e não devem ficar em cativeiro em mãos da população.
Aqui está a prova de que temos a razão:
06.03.2007
Tráfico de animais silvestres
Nove pessoas foram presas, hoje, em três estados, por tráfico de animais silvestres. A quadrilha registrava aves capturadas ilegalmente como se tivessem sido compradas de criadores oficiais.
O filhote de papagaio estava tão fraco que teve que ser alimentado pela policial. Outros pássaros apreendidos estavam feridos e alguns não resistiram. Houve prisões no Rio, Minas Gerais e Pernambuco. O alvo foram grandes criadores em situação aparentemente legal.
É proibida a venda de animais silvestres no Brasil, a não se que eles já tenham nascido em cativeiro nos criadouros autorizados. Mas, segundo a investigação policial, essa brecha está sendo usada pelos traficantes para “esquentar” os animais.
“O Ibama deu poder aos criadores para que uma mera nota fiscal dê como se o animal estivesse legalizado. Como isso que aconteceu: muitos criadores estão sendo criados com aparência de ser legalizados, mas na verdade são verdadeiros centros de lavagem de dinheiro de animais silvestres”, diz Luiz Marcelo Xavier, delegado de Proteção ao Meio Ambiente.
A quadrilha comprava animais principalmente na Bahia e em Pernambuco. Pássaros como araras, e tucanos – capturados por caçadores.
Escutas telefônicas, autorizadas pela justiça, revelam o funcionamento do mercado negro de animais silvestres. As conversas envolvem o homem apontado como chefe do esquema, o agente penitenciário afastado das funções por responder a processos, Leonardo Neves de Barros, que foi preso.
Homem: O que você trouxe de novidade de lá?
Leonardo: Trouxe aquelas (araras azuis) “azulonas”. Trouxe umas “amarelinhas”(araras amarelas) também…
Homem: Ah, rapaz, quero ver essas peças.
Leonardo: Tudo, tudo selvagem, tudo sem nota. Tudo fora da lei.
Outra conversa comprova a falsificação dos documentos que eram obtidos com criadouros oficiais.
Homem: O cara quer um documento para um casal de araras. E para um casal de papagaios. E para um casal de tucanos.
Leonardo: É um negócio que se o cara consultar vai dar tudo certinho. Você pode ir no aeroporto, pode fazer o que ele quiser, passar na blitz, ir no Ibama.
E os criminosos ainda demonstram descaso com os animais.
Leonardo: Aquelas caixas lá na frente abafaram os bichos.
Homem: Hummm….
Leonardo: “Morreu” cinco vermelhas.
Homem: Como rapaz?
Leonardo: Porque aquelas caixas ficaram muito quentes, Zé. Isso acontece.
O Ibama já discute mudanças nas normas para dificultar a ação dos traficantes de animais.
“A gente tem que rever algumas dessas normas internas para estimular que a gente tenha em cativeiro os grandes traficantes e não os animais silvestres”, afirma Rogério Rocco, superintendente do Ibama do Rio de Janeiro.
Os presos vão ser acusados de quatro crimes e podem pegar até 12 anos de prisão. Os animais vão ser entregues ao Ibama.
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