CPI do Tráfico de Animais
postado em 10 jan 2003

No dia 20 de dezembro passado, nas dependências da Assembléia Legislativa de São Paulo, celebrou-se uma reunião extraordinária da CPI (Federal) da Câmara dos Deputados, sobre o Tráfico de Animais.

Esta CPI vem fazendo audiências públicas em Brasília e em várias cidades do país, obtendo informação sobre o tema, para fazer suas recomendações finais ao Governo e ao Poder Legislativo. A CPI é presidida pelo Deputado Luiz Ribeiro, do PSDB do Rio de Janeiro, seu Presidente, por seu Vice-Presidente, Dep. Asdrubal Bentes, do PMDB do Pará; e constituída pelo Dep. Luizinho, PPB do Rio de Janeiro, Dep. Badú Picanço, PL do Amapá, e Dep. Vanessa Grazziotin, PcdoB do Amazonas.

O Coordenador Nacional do GAP, Dr. Pedro A. Ynterian, foi convidado a fazer um depoimento na CPI. Em suas colocações o Coordenador Nacional do GAP relatou os trabalhos mundiais do GAP e o trabalho que é feito no Brasil, com o Santuário de Grandes Primatas, em Sorocaba. Também criticou a falta de obediência por parte dos circos e criadores particulares ao Artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, que proíbe os maus tratos aos animais. Também criticou em seu depoimento a autorização que o IBAMA vem outorgando a Criadouros Comerciais de Primatas, que qualificou como um total absurdo científico. Um Primata nunca poderá ser um animal de estimação; é um animal que pertence a Natureza. Com essa medida não será reduzido o tráfico dos mesmos, já que com as falhas de fiscalização que existe no IBAMA, o qual não tem recursos nem pessoal suficiente, para seus trabalhos, esses Criadouros se converterão em “aparelhos” do Tráfico, e simplesmente vão legalizar animais capturados na mata.

Além do mais existe um perigo potencial para os criadores particulares, que sem instalações adequadas e sem conhecimentos, tenham que manter Primatas em suas casas, os quais transmitem doenças até hoje desconhecidas e que podem agredir aos seus donos, e vizinhos. O coordenador do GAP salientou que o ideal é desenvolver planos de solturas mais agressivos e abrangentes, para manter o mínimo de espécies em cativeiro.

No caso dos Grandes Primatas relatou também o caso de vários Circos e criadouros particulares que abusam, torturam e chegam a mutilar os Chimpanzés (arrancando os seus dentes e castrando-os), para poder usá-los em suas atividades. Somente proibindo a comercialização de animais exóticos e silvestres é que conseguiremos despertar o desinteresse da população em manter estes animais em cativeiro, e a utilização deles em exposições itinerantes e em circos. Também fez ênfase sobre a necessidade de lançar uma campanha de educação para a população que esclareça a inutilidade de ter este tipo de animal em casa, e o perigo que isto representa em potencial. Se temos medo de algumas raças de cães, que já causaram tragédias e mortes, mais ainda devemos ter de animais totalmente selvagens, que são incontroláveis. Um Macaco Prego, que parece pequeno e inofensivo, pode matar em segundos uma pessoa, e um Sagui pode transmitir uma doença desconhecida a uma criança!

Não podemos importar os costumes norte-americanos de criar qualquer animal em casa; os animais silvestres e exóticos pertencem a Natureza, não aos seres humanos, e devemos preservá-los em seu habitat, evitando humanizá-los.