Como é possível tamanha irresponsabilidade?
postado em 24 set 2010

No domingo passado (19/09/2010), na primeira página do Jornal O Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, “jogaram lama” sobre o Santuário de Grandes Primatas, do seu próprio município, sobre a minha pessoa, que tinha sido elogiada pelo jornal todos estes anos. Fizeram um trabalho típico para os circenses lobistas que exploram e maltratam animais, acusando-nos de tráfico de animais, maus tratos e de fazer experiências médicas com chimpanzés.

Dois dias depois, após uma carta-resposta nossa (que não foi publicada), produzem uma matéria – “Aflição no Paraíso” – na qual me colocam no céu, com as ressalvas que a investigação do Ministério Público dirá a última palavra.

O mal que nos causaram, que causaram à luta da defesa dos grandes primatas e à luta de toda a sociedade para acabar com os Circos com Animais, nunca perdoará tal infâmia!

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional

Veja a nova matéria:

"Aflição no paraíso


(Notícia publicada na edição de 21/09/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A – o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.)

As denúncias chocam, sobretudo, porque se referem a pretensas atividades que vão de encontro à própria essência do trabalho realizado localmente pelo santuário e mundialmente pelo GAP

Reconhecido como referência mundial na luta pelos direitos dos animais, o trabalho desenvolvido em Sorocaba pelo microbiologista cubano naturalizado brasileiro Pedro Ynterian, proprietário do Santuário dos Grandes Primatas e presidente internacional do Projeto Grandes Primatas (GAP, do inglês Great Ape Project), sofreu um rude golpe no ano em que completa uma década de existência (“Tráfico de animais – Santuário de grandes primatas é alvo de investigação”, 19/9, pág. A6).

Ynterian, um dos ativistas da causa conservacionista que mais projetam o nome do Brasil no Exterior, foi denunciado pela União Brasileira de Circos Itinerantes (UBCI) como integrante de suposta rede formada por donos de zoológicos particulares, organizações não governamentais e funcionários do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que atuaria no confisco irregular de animais de circo, com base em laudos fraudulentos, repassando-os a ongs e zoos com propósitos comerciais.

As denúncias chocam, sobretudo, porque se referem a pretensas atividades que vão de encontro à própria essência do trabalho realizado localmente pelo santuário e mundialmente pelo GAP. O Great Ape Project defende que todos os grandes primatas – chimpanzés, gorilas, bonobos (chimpanzés pigmeus) e orangotangos, muito próximos geneticamente dos humanos – usufruam de direitos mínimos como o direito à vida, à liberdade individual e à proteção contra a tortura. Ainda no começo do mês, Ynterian divulgou uma carta aberta ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apelando contra a transferência de 168 chimpanzés do Centro Alamogordo Primate Facility (APF), no Novo México, para o reativado Southwest National Primate Research Center, no Texas, onde serão usados como cobaias em experimentos invasivos. “Aqueles chimpanzés já sofreram demais em suas vidas e já es tavam praticamente aposentados. Esta reativação é um gesto cruel, absurdo, desumano e sem base científica, já que está provado que no passado nada se conseguiu de avanços científicos usando-os como ‘cobaias’ de doenças humanas”, argumentou Ynterian.

Pois bem: conforme as denúncias, Ynterian teria permitido a realização de pesquisas com animais, inoculados (sempre segundo a UBCI) com o vírus HIV numa área de acesso restrito do santuário local. Se algo tranquiliza a opinião pública, nessa inquietante história, é saber que as autoridades não se furtaram ao dever de investigar. O caso foi apurado durante sete meses pela Polícia Federal, e, remetido à Justiça de Sorocaba, foi repassado, por recomendação do Ministério Público, para o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), que acumula em seu currículo inúmeras investigações bem sucedidas. Se ocorreu de fato irregularidade, em qualquer etapa das apreensões e transferências de animais, ou se as denúncias não passam de possível vingança dos circos, que têm no Ibama e no GAP inimigos declarados, isso deve ser esclarecido com elementos probatórios suficientes para que não reste, na opinião pública, a menor sombra de dúvida.

É pena que o Santuário dos Grandes Primatas e seu fundador – admirado, com sua figura quixotesca e sua dedicação integral à causa dos animais, por um público numeroso no Brasil e fora dele – estejam envolvidos em acusações tão aflitivas. O trabalho ali desenvolvido, até prova em contrário, é de grande utilidade para a civilização humana, que tenta reverter uma cultura milenar de exploração dos animais, para, protegendo-os – como Ynterian frisou certa vez -, salvar o planeta da extinção.

Uma vez que as acusações foram feitas, entretanto, é imprescindível que a apuração vá até o fim, até como forma de impedir que possíveis desvios de conduta ou imputações caluniosas maculem uma causa acima de qualquer suspeita."

Fonte:

http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=49&id=345896

Notícia relacionada:

https://www.projetogap.org.br/pt-BR/noticias/Show/3271,a-morte-rondando-ganhei-um-seguro-de-vida