Em pleno século XXI, no qual vivemos uma calamidade mundial em relação ao meio ambiente, com uma mobilização mundial para que toda e qualquer parte verde seja preservada, vivemos um antagonismo sem precedentes aqui no Brasil.
A tal reforma do Código Florestal é um contra-senso, indo contra tudo o que o mundo vem tentando fazer para melhorar – se ainda é possível – o ambiente. Qual a lógica em se autorizar que áreas de preservação permanente (APP) e reservas sejam simplesmente ignoradas e submetidas à devastação para a monocultura? Autoriza-se o absurdo. Legaliza-se o desmatamento.
Lembro aqui que nós, defensores da vida e ambientalistas, fomos taxados – e ainda somos – como “ecoterroristas” quando alertamos para o perigo dos transgênicos. Alguns anos depois, nossa preocupação passou a ser uma realidade, com o surgimento de novas pragas e seu total descontrole das mesmas em lavouras de soja, por exemplo. Quem nos ouviu? Ninguém! O alerta para mais essa atitude descabível, encabeçada pela bancada ruralista de nosso governo, também já vem sendo falada. E mais uma vez, ninguém nos ouve.
Talvez os nobres deputados – ou talvez não tão nobres assim – precisassem de algumas aulas de ecologia para poder entender o perigo iminente de se aprovar esse código. Ao mesmo tempo, acredito que isso mesmo não adiantaria, afinal, somente as cifras, os lucros da produção agropecuária é que lhes interessa.
De que adiantam campanhas e pedidos do próprio governo para que todo cidadão brasileiro economize água, recicle seu lixo, use o biodisel para preservar o ambiente se o próprio governo é cúmplice desta barbárie que está prestes a acontecer? Com o perdão da palavra, é nojento como esses políticos pensam somente em seus próprios interesses e fazem pouco caso para com o ambiente. Posam com ar de arrogância e “com a cara lavada” concedem entrevistas tentando argumentar a favor do desmatamento. Injustificável qualquer tentativa de justificativa!
Como diz um sábio ditado, “quando a última árvore cair, o último rio secar e o último peixe for pescado, o homem entenderá que dinheiro não se come”. E, infelizmente, já será tarde.
MSc. Luiz Fernando Leal Padulla
Biólogo