A professora aposentada do Departamento de Antropologia da USP, e Coordenadora do NUPES-USP, Eunice Ribeiro Durham, em um extenso trabalho na Revista de Antropologia de São Paulo, USP 2003, v. 46, n° 01, página 144, em suas conclusões recolhe um relato do cientista alemão W. Köhler, em seu livro The Mentality of Apes, que explica em sua simplicidade o amor e o carinho entre chimpanzés, e entre eles e os humanos:
“Uma noite, quando chovia a cântaros, ouvi dois animais, que eram mantidos isolados num cercado especial, reclamando amargamente. Corri até lá e descobri que o tratador os havia deixado ao relento, tendo quebrado a chave do abrigo onde podiam se esconder da chuva. Forcei a fechadura e consegui abrir a porta, ficando de lado para que os chimpanzés pudessem correr rapidamente para seu abrigo quente e seco. Mas, embora a chuva fria escorresse de todos os lados sobre os corpos trêmulos de frio dos chimpanzés, embora eles tivessem demonstrando a maior infelicidade e impaciência e eu próprio permanecesse no meio da chuva pesada, antes de correrem para o abrigo eles se viraram e me abraçaram, um em torno da cintura, outro ao redor do joelho, numa alegria frenética. Apenas depois disso é que mergulharam na palha seca e quente do abrigo. (Köhler, 1957, p. 250)”
Conclusão da Professora Eunice Ribeiro Durham:
“Se podemos ter alguma dúvida quanto ao fato de sermos semelhantes aos chimpanzés, desconfiando do antropomorfismo, eles próprios parecem ter certeza de serem semelhantes a nós, de poderem ser entendidos por nós, de se comunicarem conosco, de nos compreenderem e, inclusive (pelo menos até certo ponto), de nos amarem.”