O chimpanzé Bo nunca havia estado ao ar livre antes. Ele tinha 13 anos e passou a maior parte da vida dentro de uma jaula em um laboratório de pesquisa
29/01/2018 às 06:40
Por Redação
Em Maio de 2017, tudo mudou para Bo e 30 outros chimpanzés torturados nos laboratórios do New Iberia Research Center, na Louisiana (EUA). Eles foram transferidos para um santuário gerenciado pelo Project Chimps em Blue Ridge, na Geórgia, passarão o resto da vida.
A equipe do santuário construiu vilas especiais para os chimpanzés, mas o grande plano era oferecer-lhes acesso a um enorme habitat ao ar livre de seis hectares. Após muito trabalho, esse habitat ficou pronto neste mês.
Quando a porta da vila que Bo dividia com outros cinco chimpanzés foi aberta e expôs um largo campo com grama e árvores, Bo não sabia o que fazer. Ele hesitou e outro chimpanzé chamado Lance o empurrou e saltou para fora. Lance girou, parecendo curioso e perplexo.
“Obviamente, não sabemos o que ele está pensando, mas [com base na] percepção de suas expressões faciais e do modo ele postou, ele [Lance] definitivamente estava confuso, provavelmente se perguntando onde estavam as grades. Conseguir ver uma visão desobstruída do céu; foi a primeira vez que eles tiveram a capacidade de fazer isso”,diz Ali Crumpacker, diretora-executiva do Project Chimps, ao The Dodo.
Os outros chimpanzés machos seguiram a liderança de Lance – cada um deles se afastou, sentiu a grama debaixo dos pés pela primeira vez e olhou para as árvores.
Alguns dos machos se abraçaram enquanto exploravam o ambiente. Quanto mais tempo passavam ali, mais corajosos ficavam.
Mais cedo, no mesmo dia, a equipe também deixou nove fêmeas ao ar livre. “Elas se afastaram e retornaram, indo do desconhecido para voltar ao familiar”, disse Crumpacker.
Uma fêmea de 13 anos chamada Emma parecia determinada a ficar sozinha. Inicialmente, ela ficou dentro da vila enquanto as outras saíam. Quando retornaram, ela correu sozinha.
A equipe do santuário ainda precisa oferecer acesso ao exterior para outros chimpanzés, mas o mau tempo atrasou temporariamente os planos.
Antes de irem para o santuário, os chimpanzés provavelmente não tinham muita independência para fazer o que queriam. Embora a equipe de resgate não saiba exatamente como eram suas vidas, ou quais tipos de experimentos eles sofreram, os chimpanzés raramente conseguem expressar todos os seus comportamentos normais em um laboratório.
Em 2015, o Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA (USFWS) declarou que todos os chimpanzés do país deveriam ser classificados como ameaçados pela Lei de Espécies Ameaçadas de Extinção (ESA), o que proporcionava aos chimpanzés explorados em laboratórios a mesma proteção oferecida aos chimpanzés selvagens. Por isso, os laboratórios tiveram que parar de usá-los em pesquisa e transferi-los para santuários.
Até agora, Project Chimps conseguiu salvar e realocar 31 chimpanzés para o santuário e visa resgatar os 180 chimpanzés que ainda permanecem no laboratório New Iberia.
“Estamos fazendo planos para trazer o resto em grupos. Faremos construções constantemente pelos próximos cinco anos, buscando patrocínios e doações para apoiar essa construção. Mas se pudermos ficar no caminho certo, serão precisos cerca de cinco anos para construir recintos suficientes para trazer todos os chimpanzés aqui”, finalizou Crumpacker.
Enquanto a equipe trabalha para que isso aconteça, eles estão fazendo tudo o que podem para ajudar Bo, Lance, Emma e os outros a ficarem confortáveis em liberdade.
Fonte:
https://www.anda.jor.br/2018/01/chimpanze-torturado-em-laboratorio-ve-o-ceu-pela-primeira-vez/