Chimpanzé que trabalhava em circo é transferida para Santuário do Projeto GAP
postado em 30 abr 2009

30/04/2009: Ontem, dia 29/04, à noite, a chimpanzé Catarina, que trabalhava há mais de 30 anos em circo e atividades de entretenimento, chegou ao Santuário do Projeto GAP em Sorocaba, interior de SP, onde desfrutará de merecida aposentadoria convivendo com seus iguais.

 

A chimpanzé, que tem mais de 40 anos, foi apreendida numa operação conjunta do Ibama e Polícia Federal na cidade de Campanha, em Minas Gerais, realizada ontem à tarde. A pedido do Ibama, o Projeto GAP acompanhou a operação e também deu apoio no transporte de Catarina até o santuário.

 

Segundo relato da veterinária Cléa Lúcia Magalhães, representante do GAP presente na operação, quando a equipe chegou na área onde o Circo Koslov estava montado, a chimpanzé estava vestida com um uniforme e estava sendo levada para participar de um evento numa escola. “Depois que ela entrou na gaiola para o transporte, ela arrancou toda a roupa e deitou, como se estivesse aliviada”, conta a veterinária.

 

Maus-tratos e segurança pública: O fato de Catarina vir sendo usada há vários anos em números no picadeiro de circos, em programas de TV e em eventos externos, como numa escola em meio a um grande número de crianças, remete a duas questões importantes: maus-tratos típicos do trabalho em circos, referentes, por exemplo, à exibição forçada, transporte constante e uso de métodos violentos para controle e subjugamento, e problemas de segurança pública.

 

Chimpanzés são animais selvagens e têm a força estimada de cinco homens. Uma vez contrariados, representam um grande perigo às pessoas que estão por perto caso medidas de segurança especiais não tenham sido tomadas. E no caso de uma fuga ou reações não esperadas, o final pode ser trágico.

 

Um exemplo recente foi o ocorrido com o chimpanzé Travis, nos Estados Unidos. Numa segunda tentativa de fuga, sua proprietária chamou uma amiga para juntas tentarem contê-lo. Ele reagiu e atacou a amiga gravemente. Desesperada, a proprietária do animal, que o criava em sua casa como um animal doméstico, chamou a polícia, que acabou matando Travis a tiros. A mulher atacada sobreviveu, mas teve ferimentos extremamente graves e ficará com muitas seqüelas.

 

Casos como o de Travis, que foi o 11º chimpanzé morto por humanos nos últimos dez anos nos Estados Unidos, alertam sobre o cuidado na manutenção de chimpanzés em cativeiro. E também reforçam a idéia de que circos, zoológicos e a casa de pessoas não são lugares adequados para chimpanzés.

 

Felizmente, Catarina agora está devidamente alocada num local adequado e não mais será obrigada a fazer atividades que vão totalmente contra a sua natureza. Num recinto de 1000 m2, ela aos poucos será apresentada aos grupos de chimpanzés no santuário, onde viverá, sobretudo, de forma mais tranqüila.