Há mais de um ano um chimpanzé virtual, de nome César, surpreendeu o mundo quando falou NÃO e comandou uma rebelião que libertou dezenas de grandes símios mantidos em cativeiro num centro de experimentação e num zoológico nos Estados Unidos. Ele foi o astro principal do filme O Planeta dos Macacos: A Origem, que arrecadou, até o momento, perto de 500 milhões de dólares. Hoje, um irmão do César, mas este real – Oscar, um bebê de menos de 3 anos – , inicia outra saga para denunciar ao mundo, assim como o virtual o fez, a vida miserável que eles levam numa floresta da Costa do Marfim, ocidente da África, invadida pela cobiça humana.
Os Estúdios Disney desta vez não foram à Hollywood procurar chimpanzés-atores – quase todos já aposentados e atualmente morando em santuários –, e sim à floresta Taï, uma das últimas fronteiras de chimpanzés em vida livre da África, para descobrir Oscar, nascido em liberdade, num grupo de menos de uma dúzia de sua espécie, que luta desesperadamente para sobrevier ante os inimigos que o assediam.
O filme Chimpanzé já arrecadou 10 milhões de dólares na primeira semana de exibição Norte-Americana. Nós assistimos e gostamos. Achamos que a Disney tocou na ferida aberta no coração da África, onde centenas de chimpanzés desaparecem a uma velocidade alarmante.
O filme realizado na floresta Taï, da Costa do Marfim, e em Uganda, é narrado magistralmente por Tim Allen e não tem um ator humano, todos são chimpanzés de vida livre.
Freddie é o macho alfa, que convive com várias fêmeas e bebês. Oscar, de menos de 3 anos, ainda é amamentado por sua mãe. Oscar vai ganhando experiência e conhecendo o mundo que o envolve, sabe dos perigos, dos desafios, da falta de comida que os força a andar dezenas de quilômetros, que antes estava aos seus pés. Em seu peregrinar por comida – folhas, sementes, frutos – , avança em território inimigo de outro bando de seus iguais.
Num daqueles confrontos, a mãe de Oscar é morta. Ele não sabe o que aconteceu com ela, a procura desesperadamente e não a encontra. O grupo volta para seu território e ele vai atrás. Já não tem mais o peito da mãe e os braços fortes dela para resguardá-lo, tem que procurar seu alimento, fazer seu ninho a noite no alto das árvores, sentir o frio da madrugada e a chuva que invade seu corpo. Aprende a quebrar as nozes, a subir nas árvores a procura de frutos e mel de abelhas. Aprende a comer cupins e formigas, pescando-as de seus ninhos.
As outras fêmeas não o amparam. Ele segue Freddie, o grande macho alfa, para todo lado. Freddie o percebe e estende uma mão, depois faz “grooming” (limpeza de pele) nele e por fim o sobe em suas costas, para traslados mais extensos.
Quanto pode durar a vida de Oscar e seu grupo? Ninguém mais sabe, as ameaças são imensas. A floresta é devastada, a comida escassa, mais distâncias e perigos devem ser enfrentados, para sobreviver. Doenças, predadores, animais peçonhentos, caçadores na espreita, a floresta Taï é totalmente vulnerável. O grupo de Oscar é talvez um dos últimos remanescentes, das centenas que lá existiam 50 anos atrás.
O filme termina com Oscar rumo à adolescência. Ele se tornará, talvez, um macho alfa. Porém, seu destino tem hora marcada. A morte o cerca em cada canto. A Disney – com temor e talvez vergonha – exibe uma mensagem final. Uma legenda explica : “em 1960 existia um milhão de chimpanzés na floresta africana, hoje – 50 anos depois – só um quinto sobrou …”
O que fazer para terminar a erradicação da espécie?
A Disney não ensaia uma solução… nós – que tentamos também desesperadamente fazê-los sobreviver em santuários – sabemos que SIM, EXISTE. Temos que manter a Luta, tirá-los dos que os torturam, dos que os exibem criminosamente, dos que os traficam, dos que os matam para servir de alimento… É uma Luta dura, árdua, difícil, incompreendida, mas eles são nossos irmãos primitivos, devemos dar uma mão a eles e fazê-los viver, se queremos que a raça humana também sobreviva ao seu próprio holocausto …
Filme: CHIMPANZEE (ainda sem tradução)
Narrador: Tim Allen
Filmado em Uganda e Costa do Marfim
Diretores: Alastair Fothergill e Mark Linfield
Um filme dos Estudos Disney
O Projeto GAP recomenda, veja o trailer: http://www.trailers.com.pt/chimpanze
Notícia relacionada:
https://www.projetogap.org.br/pt-BR/noticias/Show/3929,a-etica-do-filme-o-planeta-dos-macacos-a-origem
Fonte: http://www.anda.jor.br/03/05/2012/chimpanze-o-virtual-e-o-real