NOVELA CARAS E BOCAS
Dias atrás estávamos numa loja fazendo compras para o Santuário e o gerente que nos conhece falou: "Foi bom que a chimpanzé Kate foi para um Santuário …”. Isso é o que pensa o povo brasileiro, depois de ter assistido durante quase 10 meses a novela Caras e Bocas, que teve audiência inédita pela presença da chimpanzé que fazia o papel de Chico.
Aqueles, que como nós conhecemos para onde Kate voltou, sabemos que lá não existe nenhum Santuário. O que existe são algumas ilhas minúsculas, sem um pingo de conforto, onde meia dúzia de chimpanzés sobrevivem anos a fio assediados pelo público, e onde a cada meia hora passa um trenzinho cheio de público a poucos metros deles, com muito barulho e escândalos.
O surpreendente de tudo isto é que os próprios atores e atrizes da novela, que adquiriram uma popularidade inesperada e que trabalharam com a Kate, não se interessaram em saber para onde Kate ia e se a história contada no fim da novela, que foi divulgada amplamente, era verdadeira. Quando Marcos Pasquin, que fazia o papel do pintor Denis – que vendia os quadros que a chimpanzé pintava – fala com a Kate no capítulo final e lhe comunica que irá para um Santuário onde não terá que trabalhar mais, mostrando uma floresta de fundo, será que acreditou no que falou? Ele se preocupou de ir a Santa Catarina e ver o tal Santuário que ele lhe prometeu? A personagem Socorro (Elizabeth Savala), que falava que Chico era como seu filho, sabe para onde Chico foi? Se preocupou em saber ou investigar? O pior de tudo é o novelista. Ele criou a história e chegou a conclusão que o Santuário sería o destino correto para o personagem e a chimpanzé atriz, porém se preocupou em saber para onde realmente ela voltou?
Desafiamos qualquer componente da novela, e seu diretor, a ficar um dia morando na ilha em que a Kate está e depois nos diga se aquele foi o fim correto para ela, que enriqueceu de fama e dinheiro dezenas de pessoas.
Não seria de exigir de todos os componentes do elenco da novela, da emissora e do zoológico cumprir a promessa e dar à Kate uma vida digna, em um verdadeiro Santuário, sem visitação nem assédio do público, acompanhada de todos os seus companheiros que ficaram para trás quando ela foi trabalhar como atriz?
Onde está a sensibilidade, a alma, o agradecimento de todo aquele núcleo de atores, atrizes e do pessoal de apoio em reconhecer o valor da atriz principal da novela, que foi explorada durante meses a fio sem receber nada em troca? Eles têm a palavra. Kate aguarda, angustiada, para ser resgatada!
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
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