Bloco de Gelo com Frutas
BONGO
Quarta-feira passada (31/10) levei bloco de gelo com frutas congeladas, com o objetivo de proporcionar uma distração a mais para os chimpanzés, além de possibilitar a interação com algo refrescante em função do calor exagerado dos últimos dias. Esse tipo de diversão é bem simples: colocamos um pote com água (misturada com suco se quiser) e frutas, congelando em seguida.
Mais uma vez eles provaram que cada um tem sua maneira de agir, sua personalidade e modo de ação.
JOHNNY
Entreguei primeiro para Johnny que em princípio fez pouco caso, tocando “o objeto estranho e gelado” delicadamente, como se tivesse testando. Ficou olhando por algum tempo e logo em seguida não resistiu e começou a cutucar o gelo, cavando e retirando as frutas. Para minha grata surpresa, depois de quase uma hora, voltei e encontrei-o chupando um pedaço de gelo, me olhando todo contente.
LUCK
Em seguida levei para Luck que de imediato pegou o bloco, levou para a plataforma de madeira onde arrancava pedaço de gelo e frutas com os dentes, gritando de alegria e satisfação. Antes de terminar com tudo, ainda deu tempo de levar o bloco para a casa no recinto cercado, se divertindo um pouco mais. Com tamanha vontade, sua diversão foi a mais rápida de todos.
BONGO
Bongo, ao perceber que o bloco de gelo havia sido jogado em seu recinto, correu ao encontro, mas apenas ficou sentado defronte ao mesmo, como se perguntando “o que eu vou fazer com isso?” Mas não demorou muito e logo também se entregou a diversão, ‘cavando’ o gelo com a ponta dos dedos e extraindo as frutas. O engraçado é que vez ou outra ele subia no bloco com o pé direito, por poucos instantes. Esse ato não pareceu querer quebrar o gelo, pois ele sabe outras maneiras (batê-lo no chão, por exemplo).
BILLY
Billy foi o mais discreto e mais tarde percebi que foi também o mais indiferente. No início pegou o bloco e começou a brincar, mas logo o abandonou no recinto. Talvez preferisse esperar o gelo derreter.
CHARLES
Charles pegou seu bloco e correndo, levou para o refeitório. Lá, usando apenas seu punho cerrado, quebrou o bloco em algumas partes para que pudesse obter as frutas e degustá-las.
CAROLINA E ALEX
Por fim, Carol e Alex também tiveram essa oportunidade. Assim que lhes entreguei o bloco, Alex foi o primeiro a ir de encontro, um tanto quanto ressabiado é verdade. Ele se abaixou e experimentou lambendo o gelo. Somente depois é que Carol resolveu ir também. E não largou mais. Como o bloco deles era o maior (cerca de 4 litros), Carol pode se esbaldar com suas frutas e gelo por mais de duas horas. Nesse tempo, Alex nem se importou e fez pouco caso, mas ela não; erguia o bloco sobre a cabeça para que o gelo, a medida que derretesse, pudesse escorrer diretamente em sua boca. Carol até tentava cutucar as frutas, mas percebeu que para obtê-las, deveria esperar pacientemente. E assim ela fez.
Com a aceitação e divertimento da maioria, já preparamos novos blocos para distribuirmos para todos os chimpanzés do Santuário, proporcionando um novo tipo de enriquecimento.
REFLEXÃO
Essa experiência nos mostra que entre nossos irmãos é inegável a presença de personalidades distintas, demonstradas aqui através de preferências e ações de cada um.
Resta encontrarmos o verdadeiro consenso: somos todos primatas, mas são eles que possuem uma parcela humana ou nós é que temos uma parcela chimpanzé?
Luiz Fernando Leal Padulla
Biólogo
Santuário GAP/Sorocaba
Notícias do GAP 16.11.2007