Responsável pelo espaço diz que documentação foi enviada a Argentina. Veterinária vai acompanhar traslado até a cidade e fará exames na ‘Cecília’.
Mayara Corrêa
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
A chimpanzé Cecília, que será transferida de um zoológico da Argentina para o Santuário GAP (Great Ape Project) – Projeto dos Grandes Primatas, em Sorocaba (SP), deve chegar ao Brasil até o fim do ano, como prevê Pedro Ynterian, idealizador e mantenedor do espaço. Todas as autorizações dos órgãos brasileiros foram emitidas, mas a decisão judicial, que validou a mudança, pode ser contestada.
“Foi um despacho da juíza da primeira vara. Entretanto, uma entidade similar ao Ibama, por exemplo, ou outra pessoa, pode questionar”, alerta o responsável pelo santuário. Apesar de existir essa possibilidade, Ynterian afirma que o recinto já está pronto para receber a nova moradora. A pressa é grande porque, conforme divulgou a Associação dos Advogados e Funcionários para os Direitos Animais (Afada), o animal está deprimido depois da morte dos companheiros com quem dividia o espaço.
Atualmente, 50 chimpanzés vivem no santuário em Sorocaba e, para evitar a transmissão de doenças, Cecília ficará de quarentena assim que chegar ao novo lar.
“Temos poucas informações sobre ela, que continua no zoológico. Assim que estiver tudo pronto para a viagem, uma veterinária nossa vai para lá ver as condições de saúde da Cecília e acompanhar o voo. Pela foto que vi, o recinto é um terror.”
Pedro afirma que a Argentina é um país burocrático e ativistas seguem visitando Cecília para garantir sua integridade. “Publicações de lá divulgaram até que pessoas iam pedir proteção policial, porque assim como existem pessoas a favor da causa, há gente contra”, diz o responsável.
Viagem
Para a viagem, em voo fretado da Argentina a São Paulo, Cecília será sedada e colocada em uma caixa especial de transporte, autorizada pela companhia aérea. O ativista explica que durante a viagem ela estará acordada e a liberação para o santuário, assim que chegar à capital, pode demorar até um dia.
Em seguida, Cecília percorre os cerca de 100 quilômetros até Sorocaba em um caminhão do santuário, onde terá contato com machos e pode ter filhotes. “Até 35 e 40 anos há possibilidade de ter filhotes, desde que não tenha doenças.” Ynterian diz que a chimpanzé é pequena, assim como outros primatas que vivem em zoológico, devido à alimentação.
Após o período de adaptação e exames médicos, a chimpanzé viverá livre, o que para Ynterian é uma vitória. “O importante dessa transferência não é em si o chimpanzé e, sim, a forma como está chegando, pela ordem judicial. Por um despacho de uma juíza que entendeu que a chimpanzé é um ser diferente, inteligente, que sofre e precisa de melhores condições de vida e deve ser tratada como pessoa e não objeto. Ela é uma pessoa não humana”, finaliza.