Estudo na Suécia demonstra que chimpanzés têm consciência ligada à memória
09/03/2009: Segundo estudo publicado esta semana na revista científica Current Biology, um chimpanzé macho num zoológico sueco teria planejado centenas de ataques com pedras aos visitantes. Funcionários do zoológico de Furuyik, na Suécia, descobriram que o chimpanzé coletava e guardava pedras que seriam, posteriormente, arremessadas contra o público.
Um ponto crucial do estudo é o fato de Santino coletar e guardar as pedras enquanto estava calmo, antes da abertura do zoológico. Os arremessos aconteciam horas depois, durante demonstrações de dominância e rejeição ao público, quando o primata já se encontrava em um estado mais agitado.
Isso sugere que Santino estava antecipando um estado mental futuro, uma habilidade difícil de comprovar, de acordo com o cientista Mathias Osvath, da Universidade Lund, na Suécia, um dos responsáveis pelo estudo. Este estudo consiste em uma das evidências mais fortes já coletadas até hoje de comportamento cognitivo, ou racional, em animais, pois demonstra um comportamento espontâneo do chimpanzé.
Dr Osvath iniciou o estudo depois do zoológico descobrir "estoques" de pedras na parte do recinto que dava para a área de visão do público. Desde a descoberta inicial, em 1997, as pedras são retiradas de forma proteger o público. E o planejamento dos ataques está diretamente ligado às visitações. No período em que o zoo não recebe muita visitação, não há "estoque de munição" ou ataques.
Além do planejamento dos ataques, Santino havia também desenvolvido uma técnica para detectar pedaços mais vulneráveis do concreto de sua jaula, que poderiam ser mais facilmente retirados. Quando a água entrava por dentro de frestas no concreto e se congelava, o pedaço de concreto se tornava mais frágil e produzia um som diferente ao toque.
Santino foi observado dando tapas no concreto para descobrir os pontos mais fracos, destacando pequenos pedaços e os armazenando em estoques para munição.
Há uma série de exemplos de comportamentos complexos em grandes primatas que sugerem formas de consciência. Um comportamento planejado como este está relacionado à consciência autonoética, que caracteriza a rememoração consciente (na qual informações relacionadas à memórias podem ser distinguidas). "Estou pessoalmente convencido de que pelo menos os chimpanzés planejam necessidades futuras, que eles têm esta memória autonoética", disse o professor Osvath.
Fonte: BBC News