Chimpanzé Chuca é Sepultada no Santuário do GAP
postado em 02 dez 2004

Chuca, chimpanzé fêmea foi morta em um acidente fatal por dois tiros disparados por um policial militar, despreparado para entender como deveria tratar um chimpanzé solto em um bairro de São Bernardo do Campo, cuja população já a conhecia. Após um longo trâmite burocrático, o seu corpo que ficou congelado na USP há várias semanas e foi sepultado no cemitério que o Santuário do GAP possui em suas instalações.

Após a morte da Chuca, que tinha 20 anos de idade, seu corpo foi enviado à Faculdade de Veterinária da USP para realização da necropsia por determinação do IBAMA. Devido a situação ilegal em que Chuca se encontrava em São Paulo, em uma casa de família de um bairro populoso, o IBAMA de Porto Alegre onde Chuca estava registrada, aceitou que seu corpo fosse entregue ao Projeto GAP para dar-lhe uma sepultura definitiva em um lugar onde atualmente estão abrigados 32 de seus semelhantes.

O sepultamento foi realizado no dia 26 de novembro às 15:00 horas e todos os funcionários do Santuário reuniram-se em torno do caixão, que desceu com cordas até a sepultura e foi selado em seu local final de repouso. No caixão em que ela finalmente repousou, folhas e flores a rodearam, assim como a tristeza e a emoção daqueles seus irmãos que nunca a conheceram, porém sentiram sua morte e pressentiram seu sepultamento horas antes de acontecer. A Dra. Cléa Lúcia dirigiu algumas palavras emocionadas a todos os presentes, sinalizando que talvez fosse a primeira vez que um chimpanzé era sepultado com o devido respeito no país e que isso seria um exemplo a ser seguido por todos aqueles que ainda mantém chimpanzés sob sua guarda. Após suas palavras, todos rezaram um Pai Nosso pela alma da Chuca que era meiga, amiga e amável com todos, porém que só conheceu dos humanos a exploração, mutilações, cativeiro e ódio.

Levei Guga para ver o corpo da Chuca antes de ser enterrada e ele tocou nela várias vezes, como tentando acordá-la, porém logo percebeu que ela nunca mais acordaria. Ele não queria deixá-la e tive que convencê-lo de que nada mais poderíamos fazer. Quando o caixão passou perto do recinto onde Emílio estava, ele chorou… Talvez foi a maior despedida que Chuca teve; um bebê chimpanzé órfão que soube chorar por ela…