Chegou ao nosso Santuário o chimpanzé Jango, macho e com 20 anos de idade, é procedente de um Circo que fechou em Minas Gerais. Ele não tem dentes, é castrado e possivelmente sem cordas vocais; até agora não emitiu os sons característicos dos chimpanzés, que é uma forma de demonstrar seus desejos e emoções.

Jango foi colocado em um dos novos recintos recém construídos e estão sendo observadas as suas reações para identificarmos com quem poderíamos juntá-lo. Quando um chimpanzé macho é castrado perde sua agressividade, já que a produção de hormônios cessa. A falta dos testículos que foram extirpados, o torna estranho ante os outros chimpanzés e se a isso juntarmos a falta de dentes, pois só come alimentos moles e sucos, e a falta de sons, o coloca ainda em uma categoria que até agora nunca tínhamos experimentado no Santuário.

De todas as formas, para Jango que viveu desde bebê no Circo, dentro de uma gaiola itinerante em contato com humanos, a diferença do novo recinto, onde pode andar livremente fazer contato com a grama, entrar e sair quando desejar e ver outros chimpanzés circulando perto do seu recinto, será uma mudança radical.

O transporte de Jango não podia ter sido diferente, foi realizado pela Transportadora WIND, que colabora estreitamente com os projetos do Santuário, e inclusive já trouxe uma boa parte dos chimpanzés até Sorocaba, de diversas partes do país.

JANGO JÁ MOSTRA SUA ESPERTEZA

Nos últimos dias tentávamos retirar do pescoço de Jango uma corrente pesada com um cadeado sem chave, que o tem acompanhado em sua vida, e que é a forma de poder tirá-lo da gaiola do Circo, para ser fotografado com crianças e outros humanos, o que era uma alternativa de arrecadar fundos para o Circo.

Estávamos tentando retirar a corrente, cortando-a sem necessidade de anestesiá-lo. Com um alicate grande estávamos testando se poderíamos cortar a corrente e/ ou o cadeado. Em um minuto, o tratador deixou o alicate junto à janela externa do recinto e foi procurar outra coisa. Jango de imediato pegou o alicate e foi direto a uma das portas que tem grade para tentar cortar a mesma. Nós conseguimos distraí-lo para que deixasse o alicate e assim pudéssemos recuperá-lo, porém essa atitude de Jango demonstra como um chimpanzé copia rapidamente uma ação ao ver um humano ou outro chimpanzé executando-a; ele associou o alicate ao corte da grade para fugir, algo que ninguém lhe tinha mostrado.