Catarina é a mais nova habitante do santuário dos primatas em Sorocaba
postado em 05 maio 2009

Após mais de 30 anos de atuação em circo e participações em programas de entretenimento de várias emissoras de tevê, a chimpanzé Catarina encerra a carreira e deve desfrutar sua aposentadoria.

A principal atração do circo Koslov foi apreendida na cidade de Campanha, em Minas Gerais, numa operação conjunta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Polícia Federal (PF). Catarina foi trazida para o santuário do projeto de Proteção dos Grandes Primatas (Gap), na região de Sorocaba, onde surpreendeu especialistas por seu comportamento ‘humano. Parece uma criança, definiu o proprietário do espaço e coordenador do Gap, Pedro Ynterian.

O projeto mantém quatro santuários no país, com 75 primatas, sendo 48 deles em Sorocaba, mas Catarina é o primeiro a não apresentar características de sua espécie, observou. Para chegar nesse grau de condicionamento são inevitáveis os maus-tratos, especialmente em circos, ressaltou. Ynterian não sabe a idade precisa de Catarina e avalia pelo tempo que ela atuou no circo, provavelmente uns 42 anos, calculou.

Rebelde e assustada

Catarina chegou quarta-feira passada, por volta das 20h, trazida pela própria equipe do Gap. Ynterian comentou que ao entrar na gaiola para ser transportada até o santuário a macaca vestia uniforme, pois seria apresentada numa escola. Tirou toda a roupa. Foi seu primeiro ato de rebeldia, disse. A chimpanzé foi conduzida para um recinto de mil metros quadrados, onde permanecerá sozinha enquanto é avaliada sua adaptação e definido seu futuro. A nova hóspede assustou-se só de ouvir os sons e ter contato visual apenas de longe com outros de sua espécie. Todos os recintos no entorno de seu abrigo são habitados por machos.

Embora pareça dócil quando condicionado, o chimpanzé pode apresentar traços violentos, selvagens, que são próprios de sua espécie, alertou o especialista. Ele citou alguns casos de agressões envolvendo humanos, como do chimpanzé Travis, nos Estados Unidos, que atacou violentamente sua dona.

Realidade e ficção

Os veterinários acompanham reações e adaptação de Catarina. Pedro Ynterian explicou que ela recebe a mesma alimentação dos demais, basicamente frutas, verduras, legumes e sucos de frutas. A equipe tentou obter informações junto ao antigo dono sobre sua alimentação, mas ele teria negado a responder. Aqui ela terá uma dieta saudável, comentou.

Ele acompanha com atenção o desfecho de uma novela em que um chimpanzé fugiu de um circo e está abrigado numa casa. Temendo a influência sobre as pessoas a equipe quer saber o final do Chico, nome do animal na ficção, para então manifestarem-se, adiantou.

As denúncias de maus-tratos e protestos de ativistas levaram à apreensão de Catarina. O coordenador do Gap explicou que o projeto ainda não é o fiel depositário da chimpanzé, pois seu futuro deve ser avaliado pela justiça, tendo em vista a possibilidade do dono entrar com alguma medida judicial, avaliou.

Caso o santuário de Sorocaba seja escolhido para abrigar definitivamente Catarina, Ynterian já estuda um namorado para ela que, segundo ele, continua em idade fértil e ainda pode procriar. Mais informações sobre o santuário e ações do Projeto Gap no site www.projetogap.org.br.

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