Nas matérias que fizemos sobre a morte do gorila Idi Amin, no Zoológico de Belo Horizonte, levantamos a suspeita de que ele tivesse morrido em conseqüência dos procedimentos anestésicos aos quais teria sido submetido, como se deixava entrever no comunicado oficial do próprio Zoológico.
“…A entidade afirmou ainda que na manhã desta quarta-feira foi feita uma intervenção farmacológica para a coleta de amostras para novos exames. “Infelizmente, devido ao seu estado já debilitado, Idi apresentou uma parada cardiorrespiratória irreversível e veio a óbito às 11h”. Segundo a Fundação Zoobotânica, ainda hoje será realizada a necropsia do animal. O resultado deve ficar pronto em aproximadamente 30 dias, com o laudo final da causa da morte.
…”
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5652039-EI238,00-Unico+gorila+macho+em+cativeiro+na+America+do+Sul+morre+em+BH.html
A anestesia é uma causa muito comum de óbito com animais em zoológicos. As necropsias, muitas delas fabricadas, não relatam o que realmente aconteceu. É difícil controlar a anestesia num animal selvagem. Nós já experimentamos isso várias vezes Portanto, só anestesiamos um chimpanzé em última instância, quando não existe nenhum outro recurso. Se a doença não for grave, evitamos anestesias. Já passamos muitos sustos e colocamos em risco a vida daqueles seres.
Sem dúvida que o gorila Idi Amin não era o candidato adequado para ser juntado com duas gorilas jovens vindas da Inglaterra, num trabalho de marketing político, que custou mais de meio milhão de reais e que terminou com a morte trágica do único gorila que vivia no Brasil.
Um ambientalista mineiro tomou uma atitude, a única que restava em homenagem ao Dia do Meio Ambiente: entrou com pedido na Justiça para solicitar o laudo de necropsia oficial, que é mantido sob sete chaves no zoológico que provocou a morte prematura do Idi.
Como é habitual, no comunicado do zoológico, menciona a idade avançada, mas o gorila não tinha nem 40 anos e poderia ter vivido várias décadas mais.
O jornalista e ambientalista Heleno Maia, presidente do Instituto Heleno Maia, declarou ao anunciar a toamada da medida judicial: “A Instituição me informou que só posso ver o laudo com permissão do presidente, mais tentei inúmeras vezes e não consegui.”
Estamos na época da transparência. Com a nova lei em vigor que obriga todas as entidades públicas a informar em detalhes o que acontece em suas repartições, é um contra-senso que o zoológico se negue a falar a verdade sobre as reais causas da morte do gorila Idi Amin.
Algo que deve ser questionado também é a participação da Organização John Aspinall, da Inglaterra, em todo este processo. Esta Organização, que tem dois zoológicos e um hotel na Ilha Britânica, explora a exibição de seus gorilas e também abastece outros zoológicos mundiais com jovens que lá nascem, separando-os de suas famílias e gerando mais primatas perturbados no mundo. Técnicos da John Aspinall estiveram no Brasil e aprovaram o envio das duas gorilas, sem considerar que Idi não resistiria a esse estresse.
Estamos descrentes sobre o laudo que foi produzido, já que é fácil desviar a verdade, com linguajar pseudotécnico. De toda forma, a iniciativa do ambientalista mineiro deve ser respaldada por todos aqueles que defendem a Proteção Animal.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
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