CIRCO SEM ANIMAL É MAIS LEGAL

Duas semanas atrás a imprensa recolheu informações de uma reunião de uma Associação chamada União Brasileira de Circos Itinerantes (UBCI) em São Paulo, presidida pelo Sr. Wladimir Spernega, que aparece como seu Presidente em representação do Circo Beto Carrero. Nesta reunião foram aprovadas ações para lutar pela presença de animais em circos, tentando influenciar os parlamentares que em Brasília devem decidir sobre o projeto de Lei de Circos, que será debatida no Congresso (Projeto original 307 de 2003 modificado), no início de novembro.

Dias antes de falecer surpreendentemente tivemos uma reunião, em um restaurante de São Paulo, a convite do Beto Carrero, com quem apesar de ter disputas na Justiça pela posse de chimpanzés do ex-Circo Garcia, mantinhamos sempre um diálogo.

Naquele dia Beto nos confidenciou que ele estava eliminando todos os animais do seu Circo, que já não era mais itinerante e funcionava de forma permanente em seu Parque, visto que considerava desnecessária a participação dos mesmos nos espetáculos. Também confessou que existiam dois circos itinerantes que usavam o seu nome, porém não eram dele, apenas usavam seu nome e lhe pagavam um Royalty pelo uso da marca BETO CARRERO, e que ele estava tentando cancelar os acordos, já que não queria ser mais responsável pelas atividades daqueles circos, um deles teve um grave acidente na Bahia com vítimas, recentemente.

Beto Carrero  nos explicou que todos seus esforços estavam concentrados em seu Parque Temático, em Penha – SC, e que o próprio zoológico que lá mantinha já não tinha o interesse do público que teve no passado, pelo qual ele desejava convertê-lo em um lugar conservacionista das espécies e não em um lugar de entretenimento. Começamos naquela conversa de mais de duas horas, tentar a possibilidade de colaboração mútua, entre o Projeto GAP e os empreendimentos dele.

Ante esta situação, nos surpreende que essa Associação de Circos Itinerantes, presidida pelo Sr. Vladimir Spernega, assuma a luta frontal contra a Lei de Circos, que proíbe o uso de animais nessas atividades, e que vão contra a própria opinião do Beto Carrero, que nos confidenciou como deve tê-lo feito com seus familiares mais próximos.

Achamos que esta atitude do Sr. Vladimir Spernega, usando o nome do Beto Carrero, o qual já era contrário ao uso de animais em circos e não tinha mais circos itinerantes, é um contra-senso, e só prejudica a imagem histórica de Beto, que sempre desejou ser lembrado como uma pessoa que lutou pela fauna e reconhecia que os animais em circos eram submetidos a violência, em especial algumas espécies como elefantes, e chimpanzés, para forçá-los a trabalhar nesses espetáculos.

O motivo da presente Carta Aberta é alertar a família do Beto Carrero, que deve ser a guardiã de sua memória, histórica e pensamento, a fim de que aqueles que falam o seu nome em vão, sejam na realidade fiéis ao pensamento dele, que dias antes de morrer surpreendentemente, era contrário ao uso de animais em circos.

Respeitosamente,

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente do Projeto GAP Internacional