(Reprodução de matéria publicada no Diário Catarinense do dia 07.11.2006)
Ambiente
Bugios se recuperam de maus-tratos
Após denúncias, Centro de Pesquisas recolhe os animais para tratar
ISABELA KIESEL/ Agência RBS/Indaial
Um bugio criado em um caixote de madeira teve a cauda amputada. Por falta de espaço no cativeiro, passava a maior parte do tempo sentado sobre o órgão, que apodreceu.
Este é apenas um dos exemplos de maus-tratos praticados contra os 31 animais que se recuperam no Centro de Pesquisas do Projeto Bugio, em Indaial.
– O fato de retirar o bugio da mata já é uma forma de mau-trato. As pessoas não têm noção do mal que fazem – afirma a fundadora e coordenadora do projeto da Furb, Zelinda Maria Braga Hirano.
Quem caminha entre as jaulas onde estão os animais em tratamento não imagina as crueldades a que foram submetidos. São bugios com pernas e braços mutilados, expondo cortes na cabeça e com ferimentos graves na face.
Muitos deles, explica o médico veterinário Julio Cesar Souza Júnior, foram vítimas de atropelamentos, acabaram eletrocutados, atacados por cães ou permaneceram em cativeiros ilegais.
Mas os exemplos de crueldade não param por aí. Na tentativa de manter os animais clandestinamente em casa, tem gente que acaba até arrancando os dentes para torná-los menos agressivos. Ou ainda colocam coleira para manter o primata amarrado.
Filhotes carregados para criação doméstica
Segundo Júnior, geralmente os filhotes de bugios são carregados para a criação doméstica, já que a mãe é caçada e o caçador tem pena de matar o recém-nascido. Só que quando atinge os cinco anos, começa a ficar agressivo.
– O ser humano é muito egoísta, ele quer o bicho pra si. Tem quem pegue para vender, tem quem compre o bicho pra criar. As pessoas precisam aprender a apreciar o animal onde ele está – diz Zelinda.
Maus-tratos devem ser denunciados pelo telefones (48) 3269-7111 (Polícia Ambiental) e (47) 3333-3878 (Centro de Pesquisas do Projeto Bugio, em Indaial).
Fique por dentro
>Os bugios são animais silvestres das matas do Vale do Itajaí. Alimentam-se de folhas e frutos e vivem em grupos nas copas das árvores
>Os machos são ruivos e as fêmeas têm pêlo marrom ou preto. A vocalização (ronco agudo) é a maior característica da espécie
>A pessoa denunciada por maus-tratos responde por um processo administrativo e está sujeita ao pagamento de uma multa de R$ 500 por animal. > Tratando-se de uma espécie em extinção, o valor chega a R$ 5 mil
>O Centro de Pesquisas Biológicas e Observatório de Primatas de Indaial (Cepesbi) existe desde 1992, é mantido por um convênio entre o município e a Furb, além das doações de empresas. Seis estudantes dos cursos de Biologia e Veterinária da Furb, dois tratadores, um biólogo, um biomédico e um veterinário atuam no local
Fonte: Zelinda Maria Braga Hirano, fundadora e coordenadora do Projeto Bugio, e Julio Cesar Souza Júnior, médico veterinário do Centro de Pesquisas de Indaial
Ambiente
Rosto desfigurado após o atropelamento
O bugio Lion, nome que recebeu ao chegar ao Centro de Pesquisas, continua recebendo tratamento para poder voltar ao seu hábitat. Ele foi capturado em dezembro, depois de ter sido atropelado e ainda recebe medicação na cara, que ficou desfigurado com o impacto.
Fonte: http://www.clicrbs.com.br/jornais/dc/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&edition=6692&template=&start=1§ion=&source=a1338992.xml&channel=22&id=6699&titanterior=&content=&menu=36&themeid=§ionid=&suppid=&fromdate=&todate=&modovisual=