Nos últimos dias tem circulado pelas redes sociais um vídeo da BBC que apresenta chimpanzés de um Santuário Africano andando em dois pés e solicitando comida para seus tratadores africanos. A BBC se caracteriza por fazer documentários extraordinários da vida selvagem e do mundo animal. Não poderia tirar como conclusão que chimpanzés que ficam em dois pés seriam um produto da tortura que sofreram, ficando em gaiolas onde só podiam permanecer em dois pés.
Como os humanos que se imitam uns aos outros, os chimpanzés também nos copiam. Temos vários chimpanzés no Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba que não só ficam em pé, mas também andam em dois pés. Muito simples: se você der a um chimpanzé comida que ele aprecia e ele quiser ir a um canto tranquilo de seu recinto para desfrutá-la, ocupa suas mãos com o que vai levar e anda em dois pés até alcançar seu lugar preferido para a degustação.
Quando nascem os chimpanzés têm mãos muito parecidas às nossas; com o tempo, ao usá-las para andar e correr, eles vão deformando-as ao fazer essa função. A explicação simples é que os chimpanzés estavam pedindo comida de seus tratadores, que estavam em dois pés, e para visualizar melhor e chamar a atenção dos mesmos, os imitam ficando em dois pés.
Dias atrás, dei à Luke, um chimpanzé de circo, que não vivia em gaiolas minúsculas, vários potes com sementes e frutas secas. Ele tinha que andar com cinco potinhos de seu dormitório, atravessar um túnel e chegar à casa aberta em seu grande recinto, onde ele tem um canto preferido para desfrutar os alimentos que mais gosta. O que ele fez? Colocou dois potinhos em cada mão, um na boca e andou em dois pés por 30 metros. Além disso, subiu uma rampa que leva ao segundo andar, equilibrando-se em dois pés. Eu estava com ele e lhe ofereci ajuda, mas ele não aceitou, mostrando que podia andar em dois pés quando necessário.
Faz tempo que acreditamos que os chimpanzés são nossos irmãos, têm o nosso DNA e o nosso sangue, e a capacidade de aprender e desenvolver uma cultura similar à humana, com as limitações que a falta de língua falada, a vida e a história lhes têm imposto.
Dr. Pedro A. Ynterian
Secretário Geral
Projeto GAP Internacional