“As diferenças entre os cérebros de chimpanzés e de humanos são de gradação: não acho que os chimpanzés tenham qualquer estrutura ou tecido que não exista em nosso cérebro”… declarou na revista Nature Genetics, o geneticista holandês Ronald Plasterk, cientista da Universidade de Utrecht.
E acrescentou: “Como nós gostamos de ler livros e tocar piano, acabamos acreditando que existe uma diferença enorme entre um cérebro que pode ler um livro e outro que não pode”.
Plasterk afirma que “seria um exagero dizer que toda a receita para transformar um chimpanzé num humano está nos micro-RNAs, mas não há mais dúvida de que eles exercem papel fundamental.”
Plasterk e seu grupo de pesquisa descobriram uma infinidade de novos segmentos pequenos de RNA (molécula prima do DNA) que podem estar relacionados com o aumento da capacidade cognitiva humana. A investigação foi realizada em cérebros de humanos e de chimpanzés.
O grupo achou no cérebro de primatas 447 novos tipos de micro-RNAs, moléculas extremamente pequenas, mas de função crucial no organismo. “Essas estruturas nanicas correspondem a um trecho de DNA com apenas 20 bases (letras“químicas”), mas são capazes de desligar genes de qualquer tamanho, com até dezenas de milhares de bases.”
Fonte: Folha de São Paulo, pág. A12, 27.12.2006