Artigo: Mais uma vez, o zoológico … parte 2
postado em 03 jan 2013

A notícia “Zoológico é pioneiro na reprodução de pinguins no País”, que retrata o sucesso do zoológico de Bauru na reprodução dos pinguins em cativeiro é, no mínimo, intrigante.

O pioneirismo deste zoológico e a conservação dos pinguins, relatados com pompas pelo próprio diretor do local, Luiz Pires, nos fazem a constante indagação que carece de resposta: para que isso?

Mais uma vez faço a pergunta: há algum projeto de reintrodução dessas espécies no habitat natural? Qual a finalidade de se abarrotar esses zoológicos – que são ambientes inadequados, inóspitos para a vivência de qualquer ser vivo! – com novos indivíduos? E mais: eles ficarão junto de seus pais, ou serão usados como “moedas” de troca deste tráfico legalizado de animais?

Além de absurdo, as colocações são arrogantes. O filhote, da espécie Magalhães, é característico de águas temperadas dos Trópicos e habita as zonas costeiras da Patagônia e das Ilhas Malvinas. Nesses locais os termômetros registram temperatura de zero grau Celsius durante o inverno ficando desconfortável aos animais que migram para outros locais. Em Bauru, os sete exemplares da espécie vivem em uma câmara climatizada a 16 graus Celsius(…). Afirma-se que as condições proporcionadas pelo zoológico são melhores do que as que eles encontram na natureza. Talvez o que não saibam – ou não queiram admitir – é que essas condições de temperatura e migração são essenciais para a manutenção ecológica dos ambientes, e faz parte de toda a seleção natural da espécie, um processo que há anos a natureza se incumbe de realizar. É fundamental que os pinguins migrem para aprender a sobreviver, a serem pinguins. Coisa que eles jamais serão em um diminuto tanque com água do zoológico.

Retirar esses animais, mantendo-os em caixas climatizadas, enquanto deveriam estar nadando e vivendo em milhares de quilômetros de mar aberto, é um crime que deveria ser passível de pena.

Mas, infelizmente, em mais esse exemplo, os mais de 800 animais que sobrevivem nesse centro de tortura, não tem outra opção. O fluxo de dinheiro, movidos pelos 180 mil cúmplices que prestigiam essa barbárie anualmente, fala sempre mais alto. É uma guerra desigual, entre a razão e os cifrões, mas que deve ser lutada. Se você também não concorda com os absurdos que os zoológicos fazem com esses seres inocentes, vamos juntos dizer não aos zoológicos. Não prestigie esses centros de tortura. Fale não aos abusos contra os animais. Cada uma fazendo sua parte, o retorno será maior.

Luiz Fernando Leal Padulla
Voluntário do Projeto GAP
Biólogo
Mestre em Ciências
Doutorando em Etologia