CONSEQUÊNCIA DO CATIVEIRO
Após nove anos cativo em uma jaula,o chimpanzé Poco, já resgatado há duas décadas, sofre as consequências do aprisionamento: só consegue viver na posição vertical
20/04/2018 às 06:20
Por Fernanda Cotez, ANDA
Poco é um chimpanzé que vive no Santuário de Chimpanzés Sweetwaters, no Quênia. Há mais de vinte anos, Poco foi resgatado de um cativeiro onde permaneceu longos nove anos trancado em uma pequena gaiola suspensa em um telhado, em uma loja em Bujumbura, Burundi.
O chimpanzé foi mantido pendurado na jaula suspensa na loja para atrair clientes, que o alimentavam. Na gaiola, Poco também permanecia exposto ao sol, ao vento e à chuva. Acredita-se que o chimpanzé foi sequestrado pelo dono da loja na época.
Hoje, o lar de Poco é o Santuário de Chimpanzés Sweetwaters, local administrado pela Ol Pejeta Conservancy. O animal ainda vive as consequências da sua prisão de metal: o chimpanzé consegue se manter em pé apenas na posição vertical, o que é incomum para macacos de sua espécie.
Poco vive andando em uma posição ereta, já que é assim que ele cresceu em sua gaiola. Hoje, esta característica tornou-o conhecido no santuário, e Poco é identificado dentre os outros 36 chimpanzés que vivem no santuário por conta de sua capacidade de agir como bípede, se apoiando apenas na patas traseiras.
Entretanto, hoje o animal vive uma vida alegre. Um porta-voz da OI Pejeta Conservancy escreveu, em sua página no Facebook: “Ele realmente gosta de pessoas e vai desfilar ou jogar varas para chamar a atenção dos visitantes. Poco é um dos nossos chimpanzés mais gentis, e sua arrogância bípede garante um destaque entre a multidão de chimpanzés!”.
História de Poco
O animal foi resgatado no início dos anos 90, quando autoridades conseguiram retirá-lo da guarda do dono da loja em Bujumbura. O chimpanzé foi transferido para o centro de resgate de Jane Goodall Institute (JGI) em Burundi, onde foi reabilitado por dois anos e, em sequência, transferido para o Santuário Sweetwaters.
É evidente que Poco, ao chegar no santuário, ainda tinha muitos problemas emocionais a serem curados. Roxanne Mungai, administradora de comunicações da OI Pejeta Conservancy, contou ao The Dodo, que “quando ele chegou, foi emocionante vê-lo ainda traumatizado por ouvir vozes humanas”.
Roxanne relatou que, com o tempo, Poco tornou-se um chimpanzé feliz e saudável, que adorava o espaço e a liberdade de se movimentar no santuário, e gostava de conhecer os outros chimpanzés resgatados. “Ele aprendeu a se comportar como um chimpanzé”.
O santuário mantém a gaiola de Poco exposta atualmente, com o intuito de ajudar a difundir a conscientização sobre os problemas enfrentados pelos chimpanzés e animais selvagens mantidos em cativeiro, sob as condições de maus-tratos intrínsecas à prisão de animais.
Fonte:
https://www.anda.jor.br/2018/04/apos-9-anos-enclausurado-chimpanze-muda-postura-corporal/