Após mais de 12 anos morando juntos, eles foram separados repentinamente e nunca mais se viram. O chimpanzé Bongo veio para o Brasil e a bonobo (chimpanzé pigmeu) Chimba foi para um Zoológico na Alemanha. Porém, eles ficaram ligados pela mente, pelas recordações, alegrias e a incerteza de uma vida a dois. Tão ligados ficaram que nunca mais aceitaram ter outro parceiro.
O amor desenvolvido nos 12 anos de convívio juntos foi além das fronteiras e de todas as situações a que foram submetidos. A fidelidade do sentimento se manteve ferreamente entronizada em seus corações.
Descobrimos isto só recentemente, em Lisboa, quando assistimos no final do mês de abril ao lançamento do livro “Eu sou a Chimba – 2ª edição”, em que Mario Carmo, escrevendo como Chimba, narrou todas as peripécias da vida daquele casal de chimpanzés.
Quando soubemos que Chimba até agora não tinha aceitado nenhum outro chimpanzé como companheiro, lembramos que Bongo também nunca havia aceitado nenhuma outra fêmea, nas três oportunidades que introduzimos fêmeas para morar com ele.
Nesse momento, sabendo que Chimba já tinha passado por vários zoos alemães e não se adaptou com nenhum outro chimpanzé com quem foi colocada, entendemos que o casal de primatas se amava profundamente e o amor tinha transcendido as fronteiras que os humanos tinham interposto em suas vidas.
Diante desta situação, uma ideia surgiu junto com a família Carmo: juntá-los de novo. A possibilidade existe, já que o Governo de Angola continua sendo o proprietário de ambos os chimpanzés e, tanto na Alemanha como no Brasil, podemos assinar um termo de Fiel Depositário dos chimpanzés, que continuam pertencendo ao país africano.
O governo angolano pode muito bem solicitar à Alemanha que ante a situação inusitada – falta de integração de ambos primatas com outros de sua espécie – eles voltem a viver juntos, especialmente num Santuário, como o brasileiro, que tem as condições ideais para a sobrevivência de ambos.
A família Carmo vai iniciar o procedimento junto às autoridades angolanas e o Projeto GAP vai financiar toda a logística do transporte de Chimba ao Brasil.
O amor de um casal de primatas como este deve ser respeitado acima de qualquer outra consideração, já que sentimentos como esses estão cada dia mais longe da realidade humana no mundo atual.
O Amor, no caso dos grandes simios, também não tem fronteiras.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
Notícia relacionada (sobre lançamento do livro “Eu sou a Chimba – 2ª edição”:
https://www.projetogap.org.br/pt-BR/noticias/Show/4676,uma-historia-que-ainda-nao-terminou
Fonte:
http://www.anda.jor.br/13/05/2013/amor-sem-fronteiras