O MITO DOS TESTÍCULOS
Uma matéria do jornal Folha de São Paulo de 17/04/2011 (página C13), comentando a edição brasileira, após duas décadas, do livro do biólogo norte-americano Jared Diamond, sob o título o “Terceiro Chimpanzé” (os outros dois são o chimpanzé comum e o bonobo), repete a crença de que as chimpanzés marcam suas preferências sexuais pelo tamanho dos testículos, já que significa que tem mais chances de engravidar.
Essa afirmação, já lida em trabalhos de alguns biólogos e primatologos, não tem nenhuma comprovação científica, pois nunca alguém perguntou a uma chimpanzé por que gosta de um macho específico. É uma criação – como muitos outros detalhes – extraída de uma fantasia da mente de escritores que desejam marcar presença e exclusividade no mundo dos grandes primatas.
Nossa observação, após mais de 10 anos convivendo diariamente com chimpanzés em cativeiro, nos leva a afirmar que as preferências sexuais no mundo dos chimpanzés pouco têm a ver com o tamanho dos testículos, e sim na qualidade da personalidade do macho alfa.
As fêmeas fixam sua atenção naqueles machos que mais as respeitam, que as defendem, que lhes demonstram afeição e que as procuram com insistência quando elas estão no cio. O macho alfa não domina o grupo por ser o mais forte e o mais bem dotado sexualmente, mas por ser o mais inteligente, esperto, político e que consegue aglutinar em volta de sua liderança o maior número de membros do grupo, tanto fêmeas como machos.
Mais do que nunca, neste caso, a frase “tamanho não é documento” se aplica.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional