Alex é um chimpanzé de mais de 30 anos.Não tem dentes e aparentemente foram extraídos todos cirurgicamente no circo que morou desde recém-nascido. Além do Brasil, este circo viajava pelos países da América do Sul.
Quando ele chegou ao Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, algo que nos surpreendeu foi quando lhe demos um cobertor e ele começou a gritar desesperadamente. O cobertor parecia que o levava a caminhos dos maus tratos do cativeiro e aparentemente o usavam, molhado, para bater nele. É a nossa suposição, nunca tivemos um caso parecido. Com o tempo fomos dessensibilizando-o até perder o pavor de usar o cobertor, a fim de abrigar-se nas noites frias.
Quando pega confiança, Alex é extraordinariamente carinhoso e procura o contato humano para fazer “grooming” nos pelos das mãos e braços dos humanos, como um agrado.
Aqui o vemos frente a tratadora Merivan Miranda, com quem já se entendeu depois de um período de desconfiança. Ele senta diante dela, quando é o dia de feijoada, geralmente aos sábados, e come seu prato de forma muito peculiar. Com delicadeza vai catando cada grão de feijão, linguiça e outros componentes do prato, um a um vai comendo, com um deleite sem igual.
Alex pertence ao grupo de chimpanzés vindos de circos, que tiveram seus dentes perversamente arrancados quando eram muito jovens. Ele mora com duas fêmeas, também sem dentes: Jamaica, que veio de um Zoológico particular de Sergipe, e Margareth, já beirando os 50 anos, que do Zoológico de Sorocaba foi ao Criadouro particular de Morretes, no Paraná, já extinto, de onde veio para o Santuário, junto com seus filhos Noel e Emílio. Alex tem o privilégio de morar com duas fêmeas. A falta de dentes nos força a juntá-los, já que, além da falta dos dentes para comer, também são uma defesa dos chimpanzés. Alex morou com Carolina, que faleceu de câncer de mama anos atrás, porém ela possuía dentes e Alex, apesar de ser macho, tinha que ser totalmente submisso a ela.
Dr. Pedro A. Ynterian
Secretário Geral, Projeto GAP Internacional