Se Guga foi o Fundador do Santuário de Grandes Primatas do GAP, Abu foi o primeiro primata acolhido no Criadouro Velho Jatobá, que funciona junto com o Santuário. Abu é um bugio, nome científico Allouatta fusca, que nos foi entregue pelo IBAMA há oito anos atrás, no Centro de Zoonose de São José dos Campos. Junto com ele veio a macaca prega Kate, que ainda está no Criadouro.
Abu morreu próximo a seus 20 anos de idade, dormindo, dia 10 de Julho, um domingo frio de inverno, na Área de Tratamento onde estava sendo medicado, já que antecipávamos que ele não tinha mais forças para lutar por sua vida, quando chegava ao limite de idade para sua espécie. Abu estava acompanhado por seu filho adotivo, Abusinho, que desde pequeno, quando o recebemos, ficou aos cuidados do velho Abu, que ensinou tudo para ele. Abusinho é um bugio diferente, já que é brincalhão e muito ativo, diferente dos bugios, que são meio parados e se movimentam devagar.
Hoje há muitos Abu?s na Mata Atlântica, ou no que resta dela, são livres, chegam perto dos humanos em sítios e chácaras que se adentram nessa floresta maravilhosa. Com seus sons peculiares que se escutam a centenas de metros de distância, procuram os humanos, às vezes sem saber o risco que correm. Abu nunca deveria ter morrido no cativeiro, alguém um dia o tirou da mata para negociá-lo e outro alguém, algum outro dia, o abandonou. A morte de um primata nosso no cativeiro deve ser um grito de alerta, de que é preferível mil vezes morrer em liberdade que aprisionado entre telas e ferragens. Não tentemos pegar os primatas, devemos deixá-los sempre na liberdade que a Natureza lhe deu, e não será necessário que muitos Abu?s morram trancafiados em confinamentos sem sentido, produtos do egoísmo humano.