A única espécie que cresce
postado em 12 jan 2011

EU ESTAVA LÁ!

Nunca imaginei que isso poderia acontecer. São Paulo, uma das mega-metrópoles mundiais, estar interditada pela chuva e pela incompetência humana. Cheguei na madrugada do dia 11 de janeiro na junção das Marginais Pinheiros e Tietê. Ambos rios tinham transbordado minutos antes e alagado as vias marginais. Alguns poucos carros já pararam ante o avanço das águas, ninguém se arriscava. Só saí de lá às 7h00 da manhã, muitos ficaram atrás esperando mais um pouco as águas abaixarem. Nenhuma autoridade estava presente em toda a madrugada. A população se virava por conta própria. As leis de trânsito não valiam mais.

Este ano de 2011, em algum momento, o Planeta Terra chegará a ter 7 bilhões de Homo sapiens, a única espécie que cresce freneticamente, quando todas as outras decrescem e muitas desaparecem. Os bonobos (Pan paniscus) desaparecerão na vida livre em 20 anos, os orangotangos (Pongo pygmaeus) não durarão muito mais, os chimpanzés (Pan troglodytes) talvez durem 30 a 40 anos mais, os gorilas (Gorilla gorilla) – primeiro da montanha e depois da planície – acompanharão os chimpanzés em sua desaparição.

Junto com seus irmãos grandes primatas, aniquilados pelo crescimento desordenado e predador do Homo sapiens, desaparecerão também os leões, tigres, elefantes, ursos, hipopótamos, rinocerontes e todos os grandes mamíferos.

Em 2050, a população chegará a 9 bilhões de Homo sapiens, nessa época – se algo dramático, radical e urgente não for feito – apenas sobrarão neste Planeta a nossa espécie e os insetos, e talvez, estes sobrevivam, para reiniciar algum ciclo de uma nova vida animal, quando a Terra não for mais habitável.

Nas horas dentro do carro na Marginal de São Paulo, rodeado de Homo sapiens e de água, pensei no futuro da humanidade e dos seres vivos que convivem conosco. “Meu único consolo é que não vou viver para ver o final da nossa espécie, tão culta, tecnológica e avançada, porém que foi incapaz de respeitar o ambiente onde teve o privilégio de viver”.

Dr. Pedro Alejandro Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional