Nós como os chimpanzés somos primatas. Nós humanos e eles não-humanos. O que isto significa? Muitas explicações e teorias existem, porém devido a nossa experiência e observação no convívio diário com eles, talvez torne um pouco diferente ao que muitos cientistas teorizam. Para nós, a diferença entre “humanos e não-humanos” é praticamente semântica, porém com pouca substância real.
Vejamos o por quê. Talvez alguns pequenos exemplos nos indicam porque chegamos a essas conclusões. Nos últimos dias tem chovido muito na região de Sorocaba. O pequeno rio do Santuário aumentou dez vezes o caudal e para cruzá-lo em alguns pontos como fazíamos ficou mais complexo.
Dias atrás eu estava com Guga e os chimpanzés menores no rio, fingi estar me afundando na areia dentro da água, então Guga veio desesperado e puxou-me pelo braço a fim de tirar-me do perigo, e eu o deixei conseguir. Em outra ocasião, Cláudio, o menor chimpanzé do grupo e que também vai à mata, tinha cruzado para a outra margem do rio e não conseguia voltar, neste momento começou a chorar… Guga o escutou, cruzou o rio e foi a sua procura, o colocou nas costas e com ele cruzou o rio de volta. Foi uma reação instantânea e autônoma dele, sem nos sinalizar. Foi um gesto de solidariedade entre eles. Dias mais tarde a situação se repetiu, porém desta vez Cláudio não precisou chorar, quando Guga o viu na outra margem, foi a sua procura e o trouxe de volta. Antecipou o problema.
Isto é solidariedade, um exemplo para muitos humanos que não a têm entre si e se trucidam com qualquer pretexto. Os chimpanzés nos consideram seus irmãos – aqueles que os tratam com respeito e amor, é claro – e se arriscarão por nós se for necessário.