Em comunicado anterior, anunciamos que a odisséia deste chimpanzé procedente de Angola, porém que viveu vários anos em Portugal, aguardando vaga em algum Santuário, e a burocracia infernal que existe para o traslado, estava terminando, porém, erramos, o Ministério de Agricultura do Brasil, prolongou por quase 24 horas essa ?odisséia?, ao criar dificuldades para o seu desembaraço na alfândega do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
O proprietário do Badoca Safari Park de Portugal que veio acompanhando Bongo, que morou em seu zoológico parte de seu tempo nesse país, ficou indignado e prometeu fazer um protesto ante o Ministério das Relações Exteriores de seu país, por colocar em risco a vida do chimpanzé, deixando-o horas a fio sem comer nem beber, só aguardando por um certificado, uma assinatura e um carimbo.
A fiscalização do Ministério da Agricultura do Aeroporto Internacional de Guarulhos não ficou satisfeita com o Certificado Zoo-Sanitário Internacional que as autoridades veterinárias portuguesas tinham emitido, já que faltava informação sobre vírus Ebola e da Febre Hemorrágica de Marburg, que são doenças que não existem na Europa, só tem surtos esporádicos na África, e atingem grandes primatas e os seres humanos. Estas doenças são de rápido desenvolvimento e em uma semana o paciente vai a óbito ou supera a infecção. Um novo certificado foi emitido e enviado por Fax ao Brasil, porém a exigência era de entregar em três dias o original consularizado, por não confiar nas autoridades veterinárias portuguesas. A Receita Federal, que já tinha sido alertada pelo GAP cooperou rapidamente, e após o Ministério da Agricultura liberar o Chimpanzé, a Receita o fez também.
A atitude rigorosa em extremo da fiscalização agropecuária brasileira foi duramente criticada pelo proprietário do Badoca Safari Park, Francisco Simões de Almeida, que considerou que nossas autoridades estão completamente desinformadas sobre as rígidas normas que existem na União Européia para animais exóticos, que em hipótese alguma poderiam estar contaminados com doenças próprias da África.
O Bongo permaneceu quase 48 horas em uma gaiola pequena, selada, sem contato com o exterior, às escuras, com 24 horas sem comer nem beber qualquer líquido. Sendo um chimpanzé jovem, esse trauma o marcará uma parte de sua vida.
Quantos seres humanos entram no Brasil por dia de diversas origens?
Centenas.
Para nenhum deles é exigido certificado de saúde, como se exigiu a um pequeno chimpanzé que viveu uma boa parte de sua vida em uma instituição de primeiro mundo, com acompanhamento médico constante. Esta atitude dos seres humanos é uma prova a mais da discriminação que damos a seres que consideramos inferiores e que merecem um tratamento justo, decente e ético.
Bongo chegou ao Santuário do GAP em Sorocaba às 5 da tarde do dia 15 de junho, quase 48 horas após ter partido do seu recinto a 150 km de Lisboa, no Safari Park Português. Será integrado em algum grupo existente no Santuário e não terá que sofrer mais os maus tratos da superioridade que os humanos sempre manifestam, frente aos seus irmãos na Natureza.