A primeira geração de chimpanzés do Santuário de Sorocaba já tem mais de 12 anos. Nenhum destes bebês que nós criamos nasceu no Santuário, porém chegaram com no máximo um ano de idade para nós. Hoje já são adultos e alguns tiveram seus primeiros descendentes.
Os bebês atuais, todos nascidos no santuário, já se perfilam bem diferentes dos seus antecessores. Fisicamente são muito mais ágeis, mais rápidos, mais fortes e mais imunes a doenças corriqueiras humanas, como resfriados e infecções intestinais, por exemplo. São mais hiperativos, mais criativos e bem mais espertos que a geração anterior.
Ontem eu observava Suzi, com menos de dois anos, na ponta de um coqueiro, subindo e descendo do mesmo, com uma facilidade e segurança nunca antes vista. A mãe dela, Samantha, que era uma das mais habilidosas da geração anterior, nem com quatro anos fazia aquilo.
O mais surpreendente é a agilidade mental deles. Sofia, com menos de quatro anos, sabe como funcionam as portas, os cadeados, como se abrem e fecham portas e guilhotinas, que têm sua complexidade. Dias atrás observei um comportamento dela muito interessante: à tarde, geralmente, eu levo algumas gelatinas, gelinhos e garrafas com água congelada ou suco congelado. Jimmy, seu pai adotivo, geralmente apanha a garrafa e não dá chance para Sofia ou suas irmãs pegá-las.
Desta vez o que dei para todos eles foi um pote bem maior, que tinha suco congelado. Como Sofia nunca o tinha visto, quando abriu e viu o suco provou e se interessou muito em conservá-lo. Jimmy já tinha cruzado para o recinto do lado, porém poderia voltar a qualquer momento; e aí, ela perderia aquele suco congelado gostoso. Então ela tentou fechar a porta que divide a comunicação entre os recintos, para deixar Jimmy do outro lado para que ele não pegasse seu presente. Mas a porta estava travada e não conseguiria barrar Jimmy. Sua última alternativa foi sair em disparada para a parte externa, para esconder-se em algum túnel para desfrutar do suco, sem o perigo que alguém o pegasse.
Isto denota como um chimpanzé de menos de quatro anos raciocina e a rapidez desse processo. Os adultos de outra geração nunca exibiram estas qualidades, o que implica uma evolução acelerada em seus processos mentais e em sua capacidade de entender o mundo em que vivem.
Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP Internacional
Notícia no Site da Anda: www.anda.jor.br/11/04/2013/a-nova-geracao-de-chimpanzes