Por Jaqueline B. Ramos*
Basta acompanhar minimamente as notícias para perceber. E quando elas envolvem animais não humanos, a adjetivação da falta de bom senso fica, infelizmente, mais evidente.
Peguemos, por exemplo, um caso ocorrido no último mês em Atenas, na Grécia. No sábado, 25/06, um chimpanzé macho de 27 anos escapou de seu recinto no Attica Zoological Park. Segundo o zoológico, a decisão mais segura foi atirar, acabando por matar o animal, pois uma sedação demoraria tempo para fazer efeito e poderia colocar em risco a vida dos visitantes que estavam no local.
Este não foi o primeiro chimpanzé ou animal abatido em circunstâncias similares, e provavelmente não será o último. Manter seres vivos inteligentes encarcerados pode sim resultar em fugas, cujo controle sempre é muito difícil e arriscado. E geralmente tem um final trágico, para o animal. Triste. Alerta de que há algo errado.
Outro exemplo é o caso do chimpanzé Tonka, nos Estados Unidos. Este com um final mais feliz para o animal, porém com um custo de anos de sofrimento e traumas imensuráveis para se lidar.
Tonka foi um entre inúmeros chimpanzés criados em jaulas de concreto para serem usados em filmagens e outras atividades “artísticas”. Ficou conhecido por estrelar o filme “Buddy”, em 1997.
Na mira de ativistas de direitos dos animais por conta das péssimas condições em que os chimpanzés eram mantidos em um galpão no estado do Missouri, Tonia Haddix, proprietária do “negócio”, perdeu uma ação impetrada pela ONG PETA há alguns meses.
A Justiça determinou que Haddix entregasse os chimpanzés para um Santuário. Os animais foram liberados sem muita resistência, mas quando chegou a vez de Tonka, a mulher argumentou que ele havia morrido meses antes e havia sido cremado.
Sem qualquer evidência ou prova de sua morte, a ONG continuou as investigações por semanas. Até achar a gravação de uma conversa telefônica em que Haddix afirmava que poderia ganhar um milhão de dólares com Tonka no TikTok se ele não fosse um “fugitivo procurado”.
Além disso, ela também afirmou que ela estaria sofrendo de insuficiência cardíaca congestiva e que seria eutanasiado no início de junho.
Agindo rapidamente com a anuência do Juiz do caso e recursos jurídicos que impediram que Haddix tomasse qualquer outra atitude em relação ao chimpanzé, a PETA finalmente localizou Tonka. Agentes das forças especiais US Marshals bateram na porta de Haddix com a ordem judicial e acharam o chimpanzé em uma jaula no porão.
Tonka foi examinado e a princípio não há nenhuma determinação que ele precise ser eutanasiado. Ele tem condições de viver uma vida longa e plena em um Santuário. O que, felizmente, já está acontecendo. No início de junho o chimpanzé foi transferido para o Save the Chimps, na Flórida, onde passa bem e está tendo todo o acompanhamento profissional necessário.
Vitória da sensatez desta vez, o que dá a esperança de que é possível e necessário reagir. Mesmo que condutas erradas e pouco éticas persistam em acontecer de diferentes formas.
*Jornalista, Gerente de Comunicação do Projeto GAP Brasil/Internacional