A hora e a vez dos chimpanzés (COM VÍDEO)
postado em 07 nov 2011

A Folha de SP de ontem publicou uma longa reportagem sobre a controvérsia do uso de chimpanzés em pesquisas médicas e o avanço das discussões sobre o fim desta prática nos Estados Unidos. A reportagem (que pode ser aqui lida nos links parte 1 e parte 2) retrata as condições dos experimentos com filhotes de chimpanzés no laboratório norte-americano Bioqual e fala sobre o trabalho do projeto GAP e dos chimpanzés abrigados nos santuários brasileiros.

A TV Folha também exibe um vídeo sobre o tema – Chimpanzés sofrem com pesquisas médicas nos EUA, que pode ser assistido em http://www.youtube.com/watch?v=VcW3NXQdUe8&feature=youtu.bev

POSIÇÃO OFICIAL DO PROJETO GAP

Sobre a extensa e excelente reportagem da Folha de São Paulo sob o título “A hora e a vez dos chimpanzés”, desejamos fazer alguns comentários esclarecedores:

O Instituto Yerkes, aqui apresentado como “excelência em pesquisa comportamental”, foi o primeiro centro de torturas de chimpanzés que existiu nos Estados Unidos. No trabalho pioneiro que o GAP fez nos Estados Unidos para descobrir todos os chimpanzés que estavam sendo torturados, sob o nome “Recognition for the Uncounted”, traduzido ao português em nosso livro “Nossos Irmãos Esquecidos”, o Yerkes aparece em lugar de destaque, com dezenas de chimpanzés lá alojados. Veja aqui a tabela de chimpanzés do Yerkes.

O Instituto Yerkes se nega a converter-se em Santuário e aposentar os primatas. Há um grupo de chimpanzés que nasceu lá ao longo destes anos e que eles se negam a identificar seu nome e idade. Tivemos que relacioná-los no Censo como “Desconhecido”.

O Sr. Frans de Waal, que trabalha no Yerkes, e que enriqueceu publicando livros sobre chimpanzés, sem nunca ter acompanhado nenhum em seu habitat natural, se nega a reconhecer que eles são “pessoas” e “sujeitos de direito”, e também que devem ser tratados em nossa sociedade de forma diferenciada. Ele se escuda nas pesquisas que alega fazer há anos sobre se “eles têm cultura, moral e altruísmo”. É obvio que ele sabe que tudo isso é positivo e que eles devem ter direitos reconhecidos. O direito mais importante é não ser torturado nas mãos dos humanos, como Yerkes o fez durante mais de 50 anos.

O Dr. Eugene Schiff, do Centro de Pesquisa em Doenças Hepáticas da Universidade da Flórida, que se nega a aposentar os chimpanzés por sua utilidade na pesquisa de Hepatite, não explica como um Ph. D. como ele, e muitos de seus colegas, têm ética, moral, alma, coração e estômago para anestesiar seis vezes uma chimpanzé bebê de menos de 1 ano de idade, e fazer várias punções hepáticas e extrações de sangue, como fizeram com Dee-Dee no Supercentro de Tortura de Bioqual, em Maryland. O laboratório fica muito perto do Congresso Norte-Americano e da Casa Branca, que fecham os olhos e ouvidos ante essa barbárie, com a justificativa incompetente de desenvolver remédios contra essas doenças.

Sua opinião de que é hipocrisia criticar os Estados Unidos por ser o único país que ainda permite torturar chimpanzés, alegando que outros seis países financiam essas pesquisas nos Estados Unidos, não dá moralidade a esse gesto e ação estadunidenses, pois os que financiam essas pesquisas não são países, mas firmas farmacêuticas globalizadas – que não têm pátria – e são dominadas, acima de tudo, pelo “lucro desenfreado”, e não pela proteção da saúde dos humanos.

Dr. Pedro A. Ynterian
Presidente, Projeto GAP internacional