OS "GOUÉ" SÃO VERDADEIRAMENTE HUMANOS
Por Serge K. Soiret, correspondente do GAP na África Ocidental (Costa do Marfim)
Gnonsio Denis, de 79 anos, é “Guéré”, um grupo étnico do oeste da Costa do Marfim. Ele deixou sua cidade em 1966 para se estabelecer na região da floresta, especificamente no sudeste do Parque Nacional Taï – em “Djouroutou”, para dar continuidade a sua atividade de contrabando. Caçador conhecido na região, ele costumava caçar elefantes para vender o marfim. Em 1986 ele tomou a decisão de não mais contrabandear e se engajou em trabalhos de conscientização de gerações de jovens a respeito da proteção dos animais e de seus habitats.
De acordo com ele, a floresta e os animais da Costa do Marfim estão desaparecendo mais intensamente, comparado com os anos 80, quando se podiam ouvir chimpanzés gritando e fazendo barulhos na floresta perto da cidade. Depois de 20 anos de atividades ilegais, Gnonsio fez para a gente uma revelação: “O contrabandista nunca tem uma vida feliz, ele é sempre um desafortunado.”
A família de Gnonsio tem uma aliança com os chimpanzés “Gouê”(nome dos chimpanzés na lingua local), segundo o que seu pai teria contado a ele. Sempre que se ouviam chimpanzés gritando na floresta, significava que algum evento iria acontecer na família. Na sua família os chimpanzés são considerados como seus parentes, porque eles antecipam acontecimentos. Conseqüentemente, eles não matam ou comem chimpanzés. Gnonsio tem em casa estátuas de chimpanzés para as quais ele ora em momentos difíceis de sua vida.
De acordo com Gnonsio, chimpanzés eram homens que vivam juntos conosco. A separação teria acontecido no dia que eles se recusaram a ser circuncidados. Depois eles teriam voltado para a floresta, onde teriam decidido viver para sempre. Lidando com a vida selvagem, eles passaram por algumas transformações para se tornarem animais, mas sempre mantiveram o comportamento humano, como caçar animais menores, quebrar nozes e usar ferramentas sofisticadas.
Gnonsio nos descreveu uma cena que acontece em frente a ele durante seus dias de caça. Ele testemunhou chimpanzés em um funeral de um do grupo: todos estavam em volta do morto gritando e cortando galhos para colocar em cima do corpo até que ele ficasse todo coberto. Depois disso foram embora. Surpreendido, ele se convenceu de uma ideia sobre chimpanzés: de que eles são verdadeiramente humanos.