A batalha conservacionista de Pedro Ynterian (em português)
postado em 11 ago 2010

Direitos e deveres pelos chimpanzés

Biólogo brasileiro implora por uma lei que os iguala aos humanos: podem acabar presos pelo roubo de uma banana, porém não serão mais ridicularizados na escravidão

MILÃO – Do circo para uma espécie de paraíso terrestre: este é o destino dos chimpanzés acolhidos por Pedro Ynterian, biólogo brasileiro, presidente do Projeto de Grandes Primatas, na sua propriedade de família onde procura recuperar os primatas, provenientes de circo; seja sob o plano físico, seja sob o plano psicológico. A história de Ynterian já é conhecida em todo mundo. Também a Reuters tem destacado a recente batalha do conservacionista brasileiro e fez um resumo das suas últimas conquistas importantes.

GUGA SE SALVA DO CIRCO –
Tudo começou com Guga. Era um bebê chimpanzé que Pedro Ynterian salvou pela primeira vez de um circo. Foi em 1999. Ele foi o primeiro hóspede da sua propriedade de Sorocaba, num grande terreno da sua família, onde o biólogo inicia o acolhimento aos dos zoológicos. Com freqüência no Santuário dos Primatas, chegam animais que foram maltratados física e mentalmente; os chimpanzés chegavam perturbados ou por divertir os humanos e tal hora por acalmá-los. Os seres humanos chegaram também a cegá-los. Eles chegaram a Sorocaba para serem curados e sobretudo, amados. Uma equipe de psicólogos trata de recuperá-los dos enormes danos causados no plano psicológico. Em 1994, nasce nos Estados Unidos o Projeto de Grandes Primatas (Great Ape Project) e em 2000, Ynterian inaugura a sede brasileira. A mais recente guerra empreendida pelo conservacionista é em prol da guarda do chimpanzé Jimmy, no sentido de tirá-lo do Zoológico de Niterói (Rio de Janeiro), onde vive em condições desumanas. “A única diferença é que não falam” – enfatiza Pedro Ynterian – pelo restante eles (os chimpanzés) se comunicam através de gestos, de ruídos e de expressões faciais. A necessidade de ver garantidos os seus direitos a vida e a liberdade, tal como os seres humanos.

ALÉM DO SANTUÁRIO –
O objetivo do biólogo brasileiro é muito mais ambicioso, do que o seu abrigo de Sorocaba. O conservacionista quer estender os direitos legais também aos chimpanzés, aos bonobos, aos gorilas e aos orangotangos, convicto que uma simples lei pela proteção dos animais, não será suficiente para impedir a tortura e outras graves violações, o conservacionismo de Ynterian concorda com o pensamento de Peter Singer e de Richard Ryder, conservacionista que pela primeira vez instrumentou a definição de especista, hoje muito usada nas literaturas sobre os Direitos dos Animais. O termo é utilizado, como explica Wikipedia “para descrever a prática discriminatória ditada pela difundida convenção antropocêntrica, que os seres humanos gozam de um status moral superior e que portanto, deverão gozar de maiores direitos a respeito dos outros animais”. O fim último é de ser portanto, a de estender os direitos fundamentais dos homens também para os primatas, e com os direitos também os deveres. Um chimpanzé poderá chegar ao ponto de ser preso por roubar uma banana, porém, nenhum chimpanzé antropóide será mais maltratado, ridicularizado na escravidão, medida que os conduziria a extinção.

OS GOVERNOS DOS PAÍSES MAIS SENSÍVEIS –
Muitas nações já estão na frente a respeito das reivindicações sobre os direitos dos primatas. O Brasil proíbe o uso dos chimpanzés e outros animais nos circos, a Espanha tem oferecido um apoio explícito ao Projeto de Grandes Primatas, a Grã-Bretanha tem garantido a esta espécie animal um status especial nos procedimentos científicos, resguardando-os das pesquisas médicas e a Nova Zelândia proíbe qualquer utilização nas pesquisas e em testes, ao menos que a investigação não venha afetar o bem-estar e o melhoramento da sua espécie. A proposta parlamentar depois deste grande projeto é clara e explícita: inclui os antropóides não humanos numa comunidade de igualdade, concedendo a eles a proteção moral e legal, da qual gozam atualmente só os seres humanos.

Emanuela Di Pasqua

Fonte: Corriere de la Sera (Itália) – 10 de agosto de 2010.