Leo, que vive há mais de 5 anos no santuário, após algumas tentativas de fuga na cerca elétrica teve que ir para um recinto de muros. Ele se adaptou bem, porem não estávamos contentes em ver Leo sozinho sem interagir com outros chimpanzés, já que ele se dava muito bem com todos os chimpanzés jovens no grupo em que vivia antes.
Mas logo chegou Mônica e foi colocada em um recinto ao lado de Leo, já que gostaríamos muito que os dois se dessem bem para ficarem juntos. Leo é um dos maiores chimpanzés aqui do santuário e tem uma personalidade forte, mas é muito carinhoso e brincalhão. Mônica também é bastante robusta para uma fêmea, mas também muito carinhosa e adora brincar de correr, como Leo. Eu, particularmente, desde do início achei que eles combinavam muito.
Aos poucos Leo e Mônica foram se conhecendo pela janela, ela parecia mais interessada que ele, que às vezes parecia ignorá-la. Logo fizemos a primeira aproximação, mas Leo assustou Mônica com seu tamanho enorme e correu atrás dela, mas sem causar qualquer ferimento a Mônica. Por segurança foram separados, mas não desistimos e fizemos mais duas tentativas e na última delas após uma manhã inteira juntos no mesmo recinto, mas um longe do outro, Mônica começou a perder o medo e se aproximou de Leo que aos poucos foi baixando a guarda e permitiu que ela o tocasse. Logo Mônica já estava fazendo “grooming “em Leo deitado calmamente na plataforma de seu recinto. Mas a amizade ainda não estava consolidada. Eles estavam vivendo no mesmo recinto, mas Leo continuava ignorando Mônica e após várias tentativas de enfrentá-lo ela percebeu que não seria desta maneira que iria conquistá-lo. Um fator benéfico para os dois foi a chegada de novos vizinhos no recinto ao lado e o medo dos novos chimpanzés fez com que os dois ficassem mais próximos.
Numa manhã em que eu estava brincando com os dois tive uma grande surpresa, Leo finalmente deixou de ignorá-la como fazia diariamente. Mônica apareceu com um pedaço de pano que ela usa para dormir e Leo tentou roubar dela, os dois começaram a rolar no chão como duas crianças disputando forças, no início me assustei pois achei que Leo poderia perder a paciência e morder Mônica, mas logo vi que eles só estavam brincando. Mônica corria atrás de Leo e vice-versa. Leo então deitou relaxadamente no chão e começou a cobrir a cabeça com o pano para que Mônica viesse correndo e fizesse cócegas nele. E assim continuaram , por mais de meia hora brincando e emitindo sons de satisfação.
Foi muito emocionante e gratificante ver os dois brincando, Leo que passou por tantos sofrimentos em sua vida e Mônica que trabalhou no circo e viveu sem outro chimpanzé por muito tempo, finalmente estavam se tornando grandes companheiros.
Dra. Camila Cristina Gentile
Santuário do GAP/ Sorocaba